EUA poderão ter de escolher entre 2 candidatos presidenciais investigados

9 meses atrás 89

Depois de esta semana a Câmara de Representantes ter aprovado a abertura formal de um inquérito de destituição ao Presidente norte-americano, Joe Biden arrisca ter de passar os próximos meses de pré-campanha eleitoral das presidenciais -- para as quais se apresenta como candidato democrata - a dar explicações sobre o alegado favorecimento à atividade empresarial do filho, Hunter Biden, quando era vice-presidente de Barack Obama.

Apesar de os republicanos ainda não terem sido capazes de apresentar evidências que confirmem que Biden cometeu "crimes ou contravenções graves" - como exige a Constituição para fundamentar um processo de 'impeachment' - a maioria republicana na Câmara de Representantes vai obrigar o Presidente a responder perante uma comissão de inquérito com poderes alargados para investigar a sua ação no tempo em que era vice-presidente, colocando-o numa posição de maior embaraço em pleno ano eleitoral.

Mas do lado republicano, também o melhor posicionado candidato nas primárias, o ex-presidente Donald Trump, sabe que vai ter de dividir o tempo entre a defesa em tribunal em quatro casos judiciais e a sua campanha para uma tentativa de regresso à Casa Branca.

Para dificultar a tarefa a ambos, as recentes sondagens revelam que a maioria dos eleitores não parece confortável com as escolhas dos dois partidos, ameaçando deixar de votar em Trump se ele vier a ser condenado num dos quatro processos judiciais em que está envolvido e acusando Biden de ser demasiado velho (tem 81 anos) para tentar um segundo mandato.

Essas mesmas sondagens indicam Trump como o vencedor destacado nas primárias do Partido Republicano e apontam para uma ligeira vantagem sobre Biden, se os dois se vierem a enfrentar nas eleições marcadas para 05 de novembro.

Os analistas dizem que tudo poderá ser decidido naqueles que agora são considerados os 'swing states' (estados em que os eleitores facilmente transitam entre os dois partidos) - Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Nevada, Arizona e Geórgia -, mas também avisam para o facto de, numas eleições muito disputadas, uma candidatura independente poder ser o fator decisivo.

Robert F. Kennedy -- que saiu das primárias democratas para concorrer como independente -- está a conseguir que as suas posições extremadas sobre várias matérias e o seu nome de família o alavanquem nas sondagens e os consultores de Biden e de Trump estão, todos, preocupados com o efeito desequilibrador de uma terceira via.

Apesar de a Casa Branca repetir que a situação financeira dos Estados Unidos é sólida, os eleitores parecem não concordar com a visão otimista de Biden e as questões económicas voltarão a ocupar um lugar central na agenda do debate político e mediático.

Mas também o acesso ao aborto -- que ficou sob a alçada dos governos e parlamentos estaduais, por uma recente decisão do Supremo Tribunal --, o funcionamento do sistema democrático, o acesso aos cuidados de saúde e o financiamento das propinas escolas serão temas fulcrais de campanha.

De igual forma, com uma guerra na Ucrânia, à porta dos países da NATO, e com um conflito no Médio Oriente que envolve Israel (aliado próximo dos EUA), a política externa também fará parte da agenda eleitoral, em matérias que têm dividido os partidos no Congresso, com os republicanos a demarcarem-se dos planos da Casa Branca para continuar a ajuda financeira e militar a Kiev.

O controlo da imigração ilegal tem sido uma das moedas de troca pedidas pelos republicanos, para permitir aos democratas assegurar o financiamento do seu ambicioso plano de investimento público, e é outro dos temas divisivos entre os candidatos.

Biden tem lugar quase seguro como candidato democrata (apesar de existirem mais dois pretendentes assumidos, Dean Philips e Marianne Williamson), mas apesar de todas as sondagens indicarem que Trump é, de longe, o favorito entre os republicanos, os processos judiciais do ex-presidente -- que tem julgamentos marcados para os próximos meses -- podem alterar o cenário da disputa eleitoral de novembro.

Por isso, as primárias republicanas vão iniciar-se em aceso clima de debate, com candidatos como Ron DeSantis (governador da Florida), o ex-governador Chris Christie e a ex-embaixadora Nikki Haley a manterem as suas pretensões a uma corrida à Casa Branca.

Donald Trump queixa-se de que está a ser vítima de uma cabala política, orquestrada pelo Departamento de Justiça, alega que a Casa Branca o quer retirar da corrida eleitoral e insiste na versão de que as eleições de 2020 lhe foram roubadas, com argumentos que continua a não sustentar.

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