EUA. Questionada sobre Guerra Civil, Haley recusa apontar a escravatura

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A candidata republicana Nikki Haley está debaixo de fogo desde quarta-feira, após uma resposta controversa num evento de campanha às eleições presidenciais norte-americanas de 2024. Questionada por um eleitor sobre a causa da Guerra Civil norte-americana, Haley recusou falar de escravatura, optando antes por falar de liberdades individuais e estatais.

O momento ocorreu no New Hampshire, um dos principais estados na corrida às primárias do Partido Republicano, numa altura em que Nikki Haley procura disputar o segundo lugar (sendo que Donald Trump, o principal favorito, está a dezenas de pontos percentuais à frente dos restantes candidatos).

Uma pessoa perguntou a Haley o que é que esta pensava que tinha sido a causa da Guerra Civil e a candidata respondeu que fora "a forma como o governo devia ser gerido, as liberdades e o que as pessoas podiam ou não fazer".

O homem que lhe colocou a pergunta questionou porque é que estava a evitar mencionar a escravatura. Haley respondeu: "O que quer que diga sobre escravatura". A mesma pessoa reiterou que não era ele que se estava a candidatar à presidência do país, ao que Haley respondeu com um longo discurso sobre a sua interpretação de Estado central e o alcance do seu poder.

Asked what caused the Civil War, Nikki Haley refuses to mention slavery: “What do you want me to say about slavery? Next question.” pic.twitter.com/cEMW3Cn9ku

— Biden-Harris HQ (@BidenHQ) December 28, 2023

Citado pela Associated Press, o eleitor, identificado simplesmente como 'Patrick', confessou-se "surpreendido que seja possível responder àquela pergunta sem mencionar a palavra 'escravatura'".

Depois de várias horas de críticas, tanto pelos democratas como por conservadores no seu próprio partido, Nikki Haley disse num programa de rádio que "claro que a Guerra Civil foi sobre escravatura", considerando a prática como uma "mancha na América".

O presidente do comité nacional democrata, Jaime Harrison, questionou duramente a capacidade de Haley liderar o país, comentando que "condenar a escravatura é a base para qualquer pessoa que queira ser presidente dos Estados Unidos". Também Joe Biden deixou claro que a guerra "foi sobre a escravatura".

It was about slavery. https://t.co/q9bTDvtPne

— Joe Biden (@JoeBiden) December 28, 2023

Esta não é a primeira vez que um candidato republicano é criticado por comentários ou atitudes sobre a existência da escravatura. Ron DeSantis, o autoritário governador da Flórida, que até atirou farpas a Haley sobre este assunto, foi amplamente contestado há alguns meses após a aprovação de um programa escolar no seu estado que abordava a escravatura como algo que trouxe "benefícios pessoais" às pessoas racializadas.

Haley e DeSantis procuram disputar entre si o segundo lugar às primárias republicanas, numa altura em que Donald Trump, que segue num muito confortável primeiro lugar, vê a sua presença nas eleições ameaçada por vários processos na justiça.

À semelhança do que ocorreu em várias zonas do globo e antigas colónias europeias, a existência da escravatura continua a ser uma mancha difícil de ignorar nos Estados Unidos, e o seu impacto no país continuou a moldar políticas racistas em estados no sul até à década de 1960.

Convém esclarecer que a Guerra Civil no país, disputada entre 1861 e 1865, foi unicamente motivada pela escravatura, quando se discutia a abertura da prática a estados que foram surgindo a oeste. Os estados do sul - cujas economias dependiam imenso da exploração de pessoas negras escravizadas e trazidas de ex-colónias britânicas para trabalhar em plantações, especialmente de algodão - opunham-se a qualquer medida que restringisse o uso de escravos e separaram-se da união. E foi nestes estados, como o Alabama, a Geórgia, entre outros, onde os direitos de pessoas racializadas foram mais contestados ao longo do século XX, até aos dias de hoje.

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