EUA, Reino Unido e Canadá denunciam mão russa nas presidenciais da Moldova

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A Moldova é uma antiga república soviética com 2,5 milhões de habitantes e faz fronteira com a Ucrânia.

A aproximação à UE iniciou-se com a chegada de Maia Sandu à Presidência, em 2020. A maioria absoluta do seu partido nas legislativas do ano seguinte acelerou as ligações, que se aprofundaram com o apoio da Moldova à Ucrânia desde o início da intervenção militar russa em 2022.O Governo da Moldova condenou veementemente a invasão da vizinha Ucrânia pela Rússia e já tinha acusado Moscovo de conspirar para derrubar o executivo moldovo, expulsando do país diplomatas russos.

Nas eleições do próximo outubro, a presidente europeísta pretende conquistar um segundo mandato.

Durante uma visita à Moldova em finais de maio, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou a Rússia de ingerência nos assuntos internos do país com o objetivo de "debilitar as instituições democráticas" e impedir o processo de adesão à UE.

Como reação, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, considerou que o Ocidente pretende converter a Moldova na "próxima Ucrânia" e acusou Sandu de estar "ansiosa" de promover a adesão do pequeno país à NATO.

Repete-se alerta sobre ingerência russa
Na quinta-feira, no primeiro dia da cimeira do G7 em Itália, os governos dos EUA, Reino Unido e Canadá acusaram Moscovo de “espalhar mentiras” e de “procurar minar as instituições democráticas moldovas”, numa campanha de interferência política que remonta há vários anos.

O comunicado conjunto dos três países argumenta que a Rússia está a trabalhar para "exacerbar as tensões sociais, fomentar perceções negativas sobre o Ocidente e a degradar a atual equipa da presidente pró-europeísta da Moldova, recorrendo a desinformação e propaganda online".

“Estamos a tomar esta medida para alertar os nossos parceiros democráticos e aliados de que os atores russos estão a levar a cabo uma conspiração para influenciar os resultados das eleições presidenciais de outono de 2024 na Moldova”, afirmaram, em comunicado divulgado pelo Departamento de Estado em Washington.Esta “conspiração” faz parte de tentativas mais amplas de Moscovo para subverter eleições democráticas para “garantir resultados favoráveis ao Kremlin”, alegam os três governos ocidentais.

Os três países afirmaram que, se Sandu for reeleita, “há razões para acreditar que Moscovo trabalhará para incitar protestos”.

“Apoiamos fortemente as reformas democráticas, económicas, de segurança e anticorrupção da Moldávia e o aprofundamento da integração europeia", sublinham.

“Ao revelar a conspiração do Kremlin, estamos a deixar claro a Moscovo que defendemos eleições livres e justas e não toleraremos as suas tentativas de interferir e minar os processos democráticos. Instamos o Kremlin a abandonar estes esforços para subverter a democracia da Moldova e a respeitar a sua soberania e os resultados de eleições livres, justas e independentes”, acentuaram.

Acrescentam que “a ameaça é especialmente relevante este ano, uma vez que centenas de milhões de eleitores na Europa e na América do Norte vão às urnas para eleições nacionais, regionais e locais.

O primeiro-ministro da Moldova, Dorin Recean, já reagiu ao comunicado dos EUA, Reino Unido e Canadá. Na rede social X, escreveu que estava grato pelo apoio dos três aliados e prometeu dar luta: "As tentativas do Kremlin e minar a nossa soberania e incitar a agitação não terão sucesso".

Alegado suborno russo

Há muito que o Governo da Moldova teme a ingerência russa nos seus assuntos internos, nomeadamente na república separatista da Transnístria, aliada ao Kremlin, e na região autónoma meridional de Gagauzia.

O comunicado conjunto surge um dia depois de os Estados Unidos terem imposto sanções a Evgenia Gutul, a governadora pró-Rússia da região de Gagauzia, na Moldávia.

Gutul enfrenta acusações criminais de canalização de fundos da Rússia para financiar - o agora excluído - Partido Shor, criado por Ilan Shor, um empresário pró-russo, exilado e condenado por fraude na Moldovia. Shor refuta as acusações e alega que foram fabricadas.

Durante uma visita de Blinken a Chisinau, no mês passado, Sandu dirigiu acusações ao Kremlin, alegando que este estava a usar grupos criminosos em Gagauzia para enviar dinheiro russo que serviria para financiar atividades desestabilizadoras e tentativas de "subornar as eleições" na Moldova.Na declaração conjunta, os aliados reiteraram as preocupações de Sandu de que o Kremlin esteja a usar grupos criminosos para financiar atividades políticas. 

De acordo com o comunicado, a interferência política de Moscovo remonta a anos e citaram como exemplo o “apoio direto” que os funcionários da rede de comunicação social RT, financiada pelo Estado russo, forneceram a Shor. 

Shor, entretando em fuga,  foi condenado condenado à revelia a 15 anos de prisão em conexão com o desaparecimento de mil milhões de dólares de bancos moldavos, em 2014.

c/ agências

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