Euro 2024: Espanha-Inglaterra, 2-1 (crónica)

2 meses atrás 62

O seu, a seu dono.

A Espanha é a nova campeã da Europa, depois de vencer esta noite a final de Berlim, diante da Inglaterra, por 2-1.

O seu a seu dono porque venceu quem foi o dono da bola, quem quis mais jogar para ganhar e para dar espetáculo. Ganhou a melhor equipa, portanto.

Esta final, aliás, era quase como água e azeite. De um lado a Espanha, com o tal futebol impactante e entusiasmante, do melhor que se viu no último mês.

Do outro a Inglaterra, que apesar do crescendo que se havia visto nas últimas semanas, continuava a ser uma equipa mais defensiva do que ofensiva, mais cínica do que com descomplexada, pese embora a qualidade individual superlativa que tinha no plantel.

Foden, o surpreendente polícia de Rodri

E durante 45 minutos, foi a versão inglesa montada por Gareth Southgate, um selecionador que apresenta resultados, mas que tarda em convencer os próprios adeptos, a levar a melhor.

Não que os Três Leões tenham sido mais fortes na primeira parte, nada disso. Mas conseguiram pelo menos anular os pontos fortes da Espanha. Logo a meio-campo, Phil Foden, um dos maiores criativos presentes no Euro 2024, ficou responsável por ser uma espécie de guarda pessoal de Rodri, o farol de todo o jogo espanhol. Com isso, condicionou-se o médio do Manchester City e todo o ataque da La Roja – só Nico Williams, muito a espaços, conseguiu mostrar alguma coisa, embora muito pouco.

Zubimendi, a cartada forçada de Luis de la Fuente

Curiosamente, Rodri acabou o primeiro tempo em dificuldades, e já não voltou no regresso das cabines. Se isso acendeu os alarmes no conjunto espanhol? Bem pelo contrário.

Porque as grandes equipas são assim, não dependem de individualidades e conseguem reinventar-se mesmo na adversidade.

Luis de la Fuente, perspicaz, não hesitou em lançar Martín Zubimendi, jogador da Real Sociedad. Com isso, Phil Foden ficou sem referência defensiva e abriu-se a caixa de pandora no ataque espanhol.

FILME E FICHA DE JOGO.

Logo aos 47 minutos, Carvajal lançou Lamine Yamal, o jovem conduziu pelo meio, Dani Olmo arrastou também Kyle Walker para essa zona e deixou Nico Williams sozinho para finalizar, após o passe de Yamal.

Mas o festival espanhol não ficou por aí. Sucederam-se as oportunidades, com Olmo, Yamal e Nico Williams em evidência. Pickford foi fazendo o seu trabalho, a ineficácia também, e a Inglaterra foi-se mantendo viva.

O génio de Palmer antes da justiça de Oyarzabal

E ganhou novo fôlego a partir do banco, porque quem pode dar-se ao luxo de ter nomes como Cole Palmer lá sentados, tem de jogar mais e tem de jogar melhor. Ou pelo menos, tentar.

Depois de uns minutos de uma breve melhoria, foi mesmo Palmer, com um toque de génio, a empatar a final, com pouco mais de quarto de hora para jogar. Não que fosse merecido, mas lá está, quem tem tanta qualidade individual, arrisca-se a ser feliz.

Só que com o empate, a Inglaterra voltou a ser a Inglaterra, defensiva e aparentemente satisfeita em levar o encontro para prolongamento, e do outro lado estava uma Espanha que só sabe jogar de uma maneira: com bola e para a frente.

A três minutos do fim, Olmo – que jogo – descobriu Oyarzabal no meio, o avançado da Real Sociedad abriu na esquerda para Cucurella e correu para a área. Cucurella cruzou de primeira e Oyarzabal, de primeira, bateu Pickford.

Simples, bonito e eficaz. Quis o destino que o golo que selava o título espanhol fosse o retrato final daquilo que os comandados de Luis de la Fuente fizeram no último mês nos relvados da Alemanha.

Para o país que viu nascer o tiki-taka – alô, Pep Guardiola –, e que com ele venceu três títulos no espaço de quatro anos – Euro 2008, Mundial 2010 e Euro 2012 –, esta é uma bela maneira de honrar esse legado.

O seu a seu dono, donos da bola e agora do troféu.

Para a Inglaterra, esta é a segunda final europeia consecutiva, e o prolongar de um registo negativo que dura desde 1966, quando os Três Leões conquistaram em casa do Mundial de 66. A pergunta que fica é: is it ever coming home?

Se Zubimendi foi a cartada forçada de Luis de la Fuente nesta final, Dani Olmo foi a cartada forçada do selecionador espanhol na reta final do torneio. Os alarmes soaram na La Roja com a lesão de Pedri nos primeiros minutos do duelo diante da Alemanha, nos quartos de final, mas Olmo deu conta do recado e de que maneira. Já tinha decisivo nos dois jogos anteriores, esta noite deu um recital no Olímpico de Berlim. Criterioso, mas vertical, o médio do Leipzig foi o líder do bailado atacante espanhol, que conta com nomes como Nico Williams e Lamine Yamal. No primeiro golo, por exemplo, é ele que arrasta Walker para o meio e permite que Williams fique sozinho para finalizar. Sem tocar na bola, foi decisivo. No 2-1 final, é Olmo quem descobre Oyarzabal entre linhas. Que noite.

Porventura já toda a gente pensava no prolongamento, mas Oyarzabal tinha outros planos. Dani Olmo descobriu-o, o avançado abriu para Cucurella na esquerda e correu para a área. Cucurella respeitou o movimento do colega e o resto fica para a história. O troféu no bolso a três minutos dos 90.

Ler artigo completo