O grupo político de extrema-direita Identidade e Democracia (ID) está fora do debate do próximo dia 23 no Parlamento Europeu (PE), entre principais candidatos ao cargo de presidente da Comissão Europeia (CE), por não cumprir requisitos da organização.
O PE anunciou hoje os participantes no debate, em Bruxelas, que incluirá Ursula von der Leyen (Partido Popular Europeu), o luxemburguês Nicolas Schmit (Partido dos Socialistas Europeus), o italiano Sandro Gozi (Renovar a Europa), o alemão Terry Reintke (Verdes) e o austríaco Walter Baier (Esquerda Europeia).
Esta lista para o debate exclui o representante do ID, Andreas Vistisen, por decisão da União Europeia de Radiodifusão (UER), porque tal como em 2014 e 2019 “o debate da Eurovisão é um fórum para principais candidatos ao cargo de presidente da Comissão Europeia”.
“Os convites que foram enviados aos partidos dos sete grupos políticos do Parlamento Europeu deixaram isso bem claro. Cinco partidos responderam e nomearam um candidato principal. Dois partidos, ECR e ID, recusaram-se a nomear um candidato principal e, por conseguinte, tornaram-se inelegíveis para este debate específico”, segundo um porta-voz da UER à agência EFE.
Vistisen participou no debate organizado pelo jornal Politico, em conjunto com a Universidade de Maastricht (Países Baixos), no passado dia 29 de abril.
Da lista divulgada hoje também não constam representantes do grupo ultraconservador ECR, que também esteve ausente do debate em Maastricht.
O sistema de cabeças-de-lista para as eleições europeias prevê que o candidato à liderança da Comissão Europeia, que é nomeado pelos chefes de Estado e de Governo dos 27, resulte da lista restrita de nomes propostos pelos partidos europeus antes da campanha eleitoral.
O sistema, não vinculativo, funcionou em 2014, quando o luxemburguês Jean-Claude Juncker, candidato do Partido Popular Europeu, foi nomeado presidente da Comissão Europeia.
Em 2019, os chefes de Estado e de Governo ignoraram os nomes propostos pelos partidos e apresentaram a alemã Von der Leyen, que não tinha feito campanha e era uma relativa desconhecida em Bruxelas.
Este ano, Von der Leyen é a candidata do PPE, o que não lhe assegura uma nomeação nem garante que seja reconduzida no cargo.
O ECR e o ID contestam este modelo por considerarem que, se se tornar vinculativo, permitirá ao PE exceder os poderes que lhe são conferidos pelo Tratado no processo de seleção do presidente da Comissão Europeia.
Esta é a segunda polémica em poucos dias envolvendo a UER, depois de ter vetado bandeiras da UE no Festival Eurovisão da Canção, considerando-as símbolos políticos.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, pediu explicações e responsabilidades aos organizadores do festival e insistiu que estas devem chegar antes do debate da próxima quinta-feira.