Europeias. Preocupação com vizinha Rússia domina início da campanha na Estónia

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A campanha eleitoral neste país do Báltico, que tem sete lugares no hemiciclo do PE, começou mais cedo do que noutros países da União Europeia (UE), mas na capital, Tallinn, não se faz nas ruas devido a forte queda de neve, incomum para esta altura do ano.

Os debates televisivos e as redes sociais são os campos de batalha prediletos e as preocupações as baterias estão apontadas à Rússia, país suspeito de tentar influenciar o resultado das eleições de junho e que há dois anos invadiu a Ucrânia, alterando o paradigma de segurança dos 27 e reavivando más memórias para as antigas repúblicas soviéticas.

"Acho que a UE é forte, mas está a faltar-lhe foco", disse à Lusa Triin Toomesaar, antiga deputada que hoje está a encabeçar uma federação de organizações não-governamentais da Estónia.

À conversa dentro de um café no distrito mais moderno da cidade, `colado` à parte histórica da capital da Estónia, Triin Toomesaar considerou que os 27 têm de olhar para o conflito na Ucrânia e retirar as lições que, por exemplo, a Estónia pode dar.

"A ameaça hoje é mais visível, por isso acho que precisamos de trabalhar de uma maneira mais cooperativa. Quando a guerra começou em 2022, nós [população da Estónia], já tínhamos previsto que ia dar nisto. Já tínhamos avisado que havia um `vizinho` aqui ao lado que não estava a ser levado a sério", completou.

"Agora podemos ver o que está a acontecer", lamentou.

Vadim Belobrovtsev, do partido do Centro da Estónia, partilha a mesma preocupação e diz que a UE tem de perceber uma coisa: "A Rússia é imprevisível".

"A nossa população está desmotivada, estão a pensar que vai haver uma guerra e que este ciclo nunca acabará. Já há pessoas a comprar propriedades em Espanha, em Portugal... É mais fácil assim, se acontecer alguma coisa, elas podem sair da Estónia e evitar a guerra", revelou.

As pessoas com quem a Lusa se cruzou pela cidade apontam a mesma preocupação. As eleições podem ser europeias e estar confinadas às 27 nações que compõem a União, mas há um receio latente daquilo que um país de fora possa fazer contra a UE.

Hendrik Terras, do Estónia 200, vai mais longe e defende que, face à gravidade da situação, a UE tem de cortar relações com a Rússia, olhando para o que a Estónia fez depois da ocupação soviética.

"É nesse trilho que estamos hoje", afirma Terras, apelando a uma maior sinergia entre a União Europeia e a Aliança Atlântica (a Estónia aderiu às duas organizações em 2004).

Recentemente, a companhia aérea finlandesa Finnair, que opera na Estónia, anunciou a suspensão dos voos para a cidade estónia de Tartu, durante o mês de maio, devido ao efeito da alegada interferência russa nos sinais GPS da zona.

Os métodos utilizados no aeroporto de Tartu baseiam-se na tecnologia GPS e as interferências "frequentes na zona" dificultam a aproximação dos aviões, explicou a Finnair.

Nos próximos 30 dias, o aeroporto tentará desenvolver tecnologias que permitam que os voos operem com segurança sem recurso a GPS.

A Finnair é a única companhia aérea que opera voos internacionais para Tartu.

A interferência do GPS aumentou desde 2022 e os pilotos da Finnair relataram casos especialmente perto de Kaliningrado, do mar Negro, do mar Cáspio e do Mediterrâneo oriental, realçou ainda a companhia no comunicado.

No início deste mês, as autoridades estónias afirmaram que os incidentes de interferência estavam a tornar-se mais frequentes e atribuíram-nos às tentativas de Moscovo de interromper a atividade de `drones` ucranianos em território russo.

De acordo com as sondagens mais recentes, o Partido Reformista da Estónia, liderado pela primeira-ministra, Kaja Kallas, e o Partido Social-Democrata, deverão obter dois lugares cada, ocupando mais de dois terços dos lugares disponíveis no PE para a Estónia.

Mariana Kaljurand, à semelhança do que aconteceu em 2019, é candidata mais popular entre os cabeças de lista e restantes candidatos. A eurodeputada social-democrata (centro esquerda) tinha no mês de março reunido 13,9% das intenções de voto, entre todos os candidatos, à frente de Urmas Paet, do Partido Reformista da Estónia e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, que reúne 11,6% das intenções de voto.

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