Ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente é dono de pedreiras no Parque Natural da Arrábida

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Nuno Lacasta, antigo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que saiu do cargo no início de 2024, após 12 anos à frente da entidade responsável pela implementação das políticas de ambiente em Portugal, é dono de cerca de 15% de cinco das onze pedreiras que existem, licenciadas, no Parque Natural da Arrábida. Ao todo, são mais de uma centena de hectares, perto de Sesimbra. 

Uma investigação do Exclusivo da TVI encontrou nos processos das pedreiras da Arrábida, arquivados na Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), os contratos de exploração assinados entre a família de Nuno Lacasta e empresas de exploração de pedra, sobretudo a Secil e a Cimpor, as duas maiores empresas nacionais de cimento. 

Além de uma renda, a família do ex-líder da APA recebe um montante que depende do volume de pedra extraído do parque natural. 

Contactado, Nuno Lacasta começou por dizer que a família já não teria nada a ver com o sector. Este seria um negócio antigo da família do lado da mãe, apenas, mas confrontado com os documentos encontrados na DGEG o ex-presidente da APA acabou por confirmar que sim, a família seria proprietária de duas ou três pedreiras. 

Após as contas da TVI aos documentos encontrados na DGEG, o próprio confirmaria que são mesmo cinco licenças de pedreiras.

No primeiro contacto, há quase dois meses, Nuno Lacasta não conseguiu ser claro sobre se também ele já seria proprietário das pedreiras. A mãe tinha falecido mais de um ano antes deste sair da APA, mas o próprio dizia desconhecer como tinham ficado as partilhas. 

A declaração de património que Nuno Lacasta devia ter entregue logo após sair do cargo na APA, no início de 2024, nunca chegou à Entidade da Transparência.

Após muita insistência, ao fim de quase dois meses, à beira da emissão da reportagem, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente confirmou que herdou cerca de 15% das cinco pedreiras. O restante pertence ao irmão e ao pai.

Perante as dúvidas dos ambientalista que dizem que a APA favoreceu o sector das pedreiras enquanto Nuno Lacasta esteve no cargo, este nega e garante que por causa dos negócios da família, quando chegou à liderança da instituição, pediu escusa em relação a este sector e nunca interferiu em qualquer assunto relacionado com pedreiras quer fiquem dentro ou fora do Parque Natural da Arrábida. 

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