Ex-soldados condenados a pena de prisão suspensa por abuso sexual no Japão

9 meses atrás 60

Os três ex-militares foram detidos depois de abusarem de uma colega em 2021, após a vítima vir a público denunciar o caso, algo extremamente raro no Japão.

epaselect epa10373473 Rina Gonoi, former member of Japan's Ground Self-Defense Force (JGSDF), speaks during a news conference on sexual harassment in the JGSDF at Foreign Correspondents' Club of Japan in Tokyo, Japan, 19 December 2022. Gonoi, 23, left the JGSDF in June 2022 after she had experienced sexual harassment in the JGSDF between autumn 2020 and August 2021. Japan's Defense Ministry dismissed five members of JGSDF for sexual harassment on Gonoi's on 15 December 2022 after investigation of the case.  EPA/KIMIMASA MAYAMAi

A ex-soldado Rina Gonoi tornou-se num símbolo do movimento #MeToo no Japão

KIMIMASA MAYAMA/EPA

A ex-soldado Rina Gonoi tornou-se num símbolo do movimento #MeToo no Japão

KIMIMASA MAYAMA/EPA

Um tribunal no Japão condenou esta terça-feira três ex-soldados a penas de prisão suspensas de dois anos de prisão por abuso sexual de uma colega em 2021, um caso que se tornou um novo símbolo do movimento #MeToo no país.

O veredicto de um tribunal de primeira instância de Fukushima, no nordeste do Japão, é bastante mais leve do que o pedido pelo Ministério Público, que tinha solicitado dois anos de prisão efetiva para os três arguidos.

Em 2022, a ex-soldado Rina Gonoi, agora com 24 anos, disse nas redes sociais ter sido regularmente assediada e abusada sexualmente quando estava no exército, perante a inação da hierarquia militar e o indeferimento de uma primeira queixa perante os tribunais.

A declaração pública, algo extremamente raro no Japão, levou o Ministério da Defesa a reabrir o caso e a dar razão a Gonoi, após uma investigação interna que levou à abertura de julgamentos civis e criminais.

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A vertente criminal do caso, agora decidido, tinha como alvo três ex-soldados acusados de terem simulado relações sexuais com Gonoi sob coação em 2021, mantendo-a deitada e com as pernas abertas, enquanto outros colegas do sexo masculino observavam a cena, rindo.

Numa entrevista à agência de notícias France-Presse (AFP), no início de 2023, Gonoi garantiu que ir a público foi uma solução de “último recurso”, dizendo que estava mais “desesperada do que corajosa”.

As acusações públicas da ex-soldado levaram mais de mil outras vítimas, homens e mulheres, a denunciar, posteriormente, atos de assédio ou violência sexual no exército japonês.

Gonoi foi apontada como a figura japonesa do #MeToo, movimento que até agora teve relativamente pouco eco no arquipélago, e foi alvo de assédio e insultos nas redes sociais japonesas.

“Há algo errado no Japão: as pessoas atacam as vítimas e não os autores” dos crimes, lamentou Gonoi na entrevista à AFP.

Críticos argumentaram que no Japão as vítimas são frequentemente responsabilizadas por não oferecerem resistência suficiente e salientam que as pessoas que são agredidas podem não ter capacidade para se defender.

Um dos pontos mais criticados da legislação japonesa em matéria de violação é a exigência de o Ministério Público ter de provar que o acusado usou “violência e intimidação”.

Em junho, o parlamento japonês aprovou o aumento da idade de consentimento sexual de 13 anos, uma das mais baixas do mundo, para 16 anos, no âmbito de uma reforma legislativa contra agressões sexuais.

A reforma também clarifica os pré-requisitos para processos por violação e criminaliza o voyeurismo.

Em 2019, uma série de absolvições em casos de violação desencadearam protestos em todo o país.

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