Excedente externo da economia portuguesa atinge os 2,7 mil milhões em maio

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A capacidade de financiamento da economia portuguesa no acumulado dos primeiros cinco meses de 2024 traduziu-se num saldo da balança financeira de 3.346 milhões de euros.

O excedente da economia portuguesa, que traduz a sua capacidade de financiamento, atinge os 2,7 mil milhões de euros até maio de 2024, um valor que compara com 500 milhões no mesmo período em 2023.

A capacidade de financiamento da economia portuguesa no acumulado dos primeiros cinco meses de 2024 traduziu-se num saldo da balança financeira de 3.346 milhões de euros. Aponta o Banco de Portugal que este saldo é “fruto da diminuição do défice da balança de rendimento primário, da diminuição do excedente da balança de rendimento secundário e do aumento do excedente da balança de capital”.

A capacidade de financiamento é o montante líquido dos recursos que o total da economia coloca à disposição do resto do mundo (se for positivo) ou que recebe do resto do mundo (se for negativo).

A explicar a evolução do excedente externo está a diminuição do défice da balança de bens, de 718 milhões de euros, para o qual contribuíram a diminuição das importações (em -541 milhões ou -1,3%) e o aumento das exportações (em 177 milhões de euros, ou 0,6%).

A entidade liderada por Mário Centeno diz que o aumento de 982 milhões de euros do excedente da balança de serviços é justificado sobretudo pelo aumento de 858 milhões de euros do saldo de viagens e turismo e a diminuição do défice da balança de rendimento primário, de 383 milhões de euros, devido principalmente à maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia na forma de subsídios, que contrasta com o aumento do pagamento de dividendos ao exterior.

A contribuir para o excedente externo está ainda a diminuição do excedente da balança de rendimento secundário, de 74 milhões de euros, que reflete sobretudo o menor recebimento de prestações sociais do exterior e o aumento do excedente da balança de capital, de 198 milhões de euros, devido principalmente a uma maior atribuição aos beneficiários finais de fundos recebidos da União Europeia com vista ao investimento.

Até maio de 2024, o saldo da balança de bens e serviços aumentou 1,7 mil milhões de euros em relação ao mesmo período de 2023 e, até maio de 2024, a economia portuguesa investiu 18,4 mil milhões de euros em ativos financeiros externos e obteve 15,1 mil milhões de financiamento junto de não residentes, destaca o Banco de Portugal.

Em maio de 2024, o saldo das balanças corrente e de capital foi negativo em -587 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 596 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2023. Sendo que a balança de bens e serviços apresentou um saldo de 555 milhões de euros e este valor traduz um aumento de 410 milhões de euros em relação ao mês homólogo, em resultado da redução de 255 milhões de euros do défice da balança de bens, para 2.018 milhões de euros.

Segundo o banco central, esta evolução deveu-se a uma diminuição das importações, de 314 milhões de euros (-3,5%), superior à das exportações, de 59 milhões de euros (-0,9%).

O saldo da balança de bens e serviços resulta do aumento do excedente da balança de serviços, de 155 milhões de euros, para 2.573 milhões de euros.

As exportações de serviços aumentaram 6,4% e as importações de serviços cresceram 6,3% relativamente a maio de 2023.

Este crescimento das importações é transversal à grande maioria das componentes da balança de serviços.

Já o aumento das exportações reflete sobretudo o contributo das viagens e turismo (+256 milhões de euros). As exportações de viagens e turismo totalizaram 2.445 milhões de euros.

O banco central revela ainda que a balança de rendimento primário apresentou um défice de 1.930 milhões de euros, resultado de uma variação de -1.054 milhões de euros relativamente ao mês homólogo.

Esta variação é justificada principalmente pela evolução dos rendimentos de investimento, registando-se um aumento de 989 milhões do pagamento de rendimentos de investimento ao exterior e um decréscimo de 214 milhões de euros do recebimento deste tipo de rendimentos do exterior.

Na mesma análise a balança de rendimento secundário e a balança de capital apresentaram excedentes de 528 e 260 milhões de euros, respetivamente, mas não apresentaram variações significativas em relação ao mês homólogo.

O saldo da balança financeira foi de 63 milhões de euros em maio de 2024. Este saldo reflete o aumento dos ativos sobre o exterior, de 1.248 milhões de euros, “com destaque para os ativos externos em títulos de dívida de bancos (982 milhões de euros) e do banco central (498 milhões de euros) e o aumento dos passivos externos, de 1.185 milhões de euros, explicado pelo financiamento junto de não residentes através de títulos de dívida (6.181 milhões de euros), sobretudo pelas administrações públicas (3.856 milhões de euros) e sociedades não financeiras (802 milhões de euros)”, revela o BdP.

Em sentido contrário, o BdP destaca a redução do financiamento junto de não residentes sob a forma de numerário e depósitos (-51.23 milhões de euros) sobretudo pelo banco central (-3.469 milhões de euros) e bancos (-1.557 milhões de euros).

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