Excesso de vinho. Agricultores australianos destroem milhões de vinhas

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“Há um tempo limitado para cultivar um terreno e estar a perder dinheiro com ela”, apontou James Cremasco, produtor de quarta geração.

Os agricultores australianos estão a destruir milhões de vinhas e admitem destruir mais. A razão? Excesso de produção está a afundar o preço das uvas e a ameaçar a subsistência de agricultores e produtores de vinho.

Conta a “Reuters” que a queda do consumo mundial de vinho atingiu fortemente a Austrália, uma vez que o consumo está virado para os vinhos mais baratos (o grande produto na Austrália) e o mercado chinês tem estado em franco crescimento nos últimos anos.

A Austrália é o quinto maior exportador mundial de vinho, com cerca de dois mil milhões de litros de vinho registados em 2023. Agora, e com dois anos de produção armazenados, os proprietários estão a tentar escoar o vinho o mais rapidamente possível, a qualquer preço, dado que existe um excesso de produção prestes a estragar-se.

“Há um tempo limitado para cultivar um terreno e estar a perder dinheiro com ela”, apontou James Cremasco, produtor de quarta geração.

Segundo a publicação, grandes produtores como a Treasury Wines e Carlyle Group estão a apostar em produções mais dispendiosas, uma vez que o mercado está virado para as garrafas mais caras. Por isso mesmo, e por estarem a perder dinheiro com a sua produção, regiões australianas como Griffith estão a arrancar milhões de vinhas.

A “Reuters” aponta que o vinho tinto tem sido o mais afetado, com o preço das uvas por tonelada a cair para os 304 dólares australianos (184,20 euros) em 2023, face aos 659 dólares australianos (399,32 euros) observados em 2020. Agora, e segundo dados mais recentes, o governo prevê uma nova redução dos preços, reconhecendo mais desafios (e cada vez mais significativos) para os produtores. Ainda assim, o Executivo mostrou-se empenhado em apoiar o sector vinícola da região.

Para equilibrar o mercado e aumentar os preços, um grupo de produtores locais admitiu que é necessário arrancar um quarto das vinhas em regiões como Griffith. Isso significa a destruição de mais de 20 milhões de vinhas em doze mil hectares, segundo cálculos da agência com base em dados oficiais, o que equivale a 8% da área total cultivada na Austrália.

Vinho em Portugal

No fim do ano passado, a Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV) e a Nova School of Business & Economics (NOVA SBE) realizaram um estudo sobre o sector do vinho e o seu impacto socioeconómico no país, de forma a apresentar a importância do sector na economia.

Ora, este mesmo estudo mostrou que o sector do vinho gera, aproximadamente, três mil milhões de euros em atividade económica, em termos diretos, além de 861 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto (VAB). O sector vitivinícola foi responsável, em 2021, por 43 mil postos de trabalho.

Só a viticultura gerou, em 2021, 725.4 milhões de euros de atividade económica, 264.3 milhões de VAB e 26.415 postos de trabalho, enquanto a produção do vinho gerou 2.278 milhões de euros de atividade económica, 597 milhões de euros de VAB e 16.619 empregos.

Assim, este sector apresentava, no ano em questão, um peso superior a 10% em termos de VAB para 38 (de 278) municípios de Portugal Continental e mais de 10% do emprego em 43 municípios do continente.

No seu todo, e considerando impactos diretos, indiretos e induzidos, a atividade económica agregada do sector ascendia a 10.294 milhões de euros em 2021. Assim, o sector vitivinícola contribuiu com 1.510 milhões de euros para a receita fiscal do Estado, representando 2,68% do PIB nacional.

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