Exclusivo. Fotos inéditas nos 30 anos da posse de Nelson Mandela como presidente da África do Sul

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Um exemplo de liderança, de respeito e procura de pontes com quem pensa de forma diferente da nossa tornado ainda mais precioso e urgente, numa era de crescente tensão global e intolerância pelo pensamento divergente.

“As pessoas acantonam-se cada vez mais hoje em dia em tribos gritadoras umas às outras, de posições autistas, sem fazerem um mínimo esforço de construção de pontes e ainda menos para se tentarem pôr no lugar dos opositores”, sublinha António Mateus, a vincar o contraste desta postura com a de Mandela.

Num contexto de divisões bem mais cruas e extremas, Madiba tentou perceber os seus inimigos e compreender o mundo na ótica destes. E nenhum outro constituía maior perigo do que Viljoen.

No primeiro conjunto de registos, Mandela recebe já enquanto presidente, em novembro de 1995, o líder do partido de direita conservadora Volksfront, com quem travou à ultima hora uma tentativa de golpe de Estado antes das primeiras eleições multirraciais no país, a 27 de abril de 1994.


O general Constand Viljoen, que comandou no terreno a invasão militar sul-africana de Angola, no final da década de 70, acabaria por ser “seduzido” pelos sucessivos esforços e garantias por Mandela, de que as transições conturbadas de países vizinhos não se verificariam na África do Sul e que todas as comunidades seriam respeitadas e teriam lugar no futuro do país.

Num contexto de divisões bem mais cruas e extremas do que aquelas com que nos debatemos na atualidade, Madiba tentou perceber os seus inimigos e compreender o mundo na óptica destes. E nenhum outro constituía maior perigo do que Viljoen.

Ao apostar no diálogo, paciência e, acima de tudo, no respeito, mobilizou o general de um recurso à guerra para a paz, transformando um rival amargurado num aliado leal, por uma causa nacional partilhada.

O segundo conjunto de fotos reporta-se a um dos momentos mais graves que marcaram os últimos anos de governo do último presidente branco, Frederik de Klerk, o chamado massacre de Boipatong, a sul de Joanesburgo, na noite de 17 de junho de 1992.

As circunstâncias das mortes violentas de 38 residentes desta localidade negra, nas respetivas casas, com alegado envolvimento de forças pro-apartheid, levaram Mandela a declarar aos jornalistas (momento a que se reportam este conjunto de fotos) que já não se estavam “a lidar com seres humanos mas sim com animais”.

Aquele que constituiu o incidente sangrento mais grave desde a libertação de Mandela, marcaria um ponto de viragem decisivo no processo de erradicação do apartheid.

Após três anos de negociações multipartidárias, com avanços e recuos, chegou-se a acordo (a que se reporta o terceiro grupo de fotos) para realização das primeiras eleições multirraciais, a 27 de abril de 1994, e que seriam disputadas por 19 organizações políticas, entre as quais o LUSAP (Partido Luso-sul-africano).

O quarto e último registo é preenchido por duas fotografias recolhidas durante uma cerimónia pascal da igreja zionista na localidade de Moria, em que participaram Frederik de Klerk, Nelson Mandela e o líder do Partido Inkatha da Liberdade, príncipe zulu Mangosuthu Buthelezi.

Acreditações para cobertura das primeiras eleições multirraciais daquele país e para a tomada de posse de Mandela como primeiro presidente negro da África do Sul.

Fotografias: António Mateus - RTP

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