Expectativas desmedidas tramaram Xavi: «Parece que temos a vida em risco, é cruel»

A derrota caseira do Barcelona frente ao Villarreal (3-5) culminou com Xavi Hernández a anunciar que sairá do clube no final da temporada e este rapidamente tornou-se no tema do momento no futebol espanhol. Como seria de esperar, em véspera de novo jogo do emblema catalão, a revelação trouxe sequelas.

«Acho que o trabalho não tem sido valorizado o suficiente e isso causa desgaste. É assim que me sinto, e não é por não aguentar a pressão. Chegámos num dos momentos mais difíceis da história do clube e precisávamos de uma reação com mais entusiasmo», começou, na conferência de imprensa de antevisão ao duelo com o Osasuna.

«Temos de refletir, porque há um problema com as exigências desta posição. Parece que temos a vida sempre em risco e isso é cruel. Mesmo superando o Real Madrid na Liga, ninguém valoriza. Tenho contado a história, mas não a aceitam. É um problema do ambiente do clube e das exigências sobre mim.»

Xavi revelou que a decisão já estava tomada «desde o início da temporada», o que surpreendeu, tendo em conta que o treinador tinha assinado um novo contrato em setembro, com 2023/24 já em andamento. De resto, o antigo médio agradeceu o apoio recebido nas últimas 48 horas:

«Fiquei surpreendido com as chamadas e mensagens. Muitos jogadores também vieram falar pessoalmente e o que mais importa para mim é a qualidade humana. Deixaram-me emocionado. Espero uma reação positiva, para darmos um passo em frente. Dependemos muito da inspiração dos jogadores», atirou.

Saída prematura não invalida regresso

Desde novembro de 2021, atura em que agarrou o cargo como sucessor de Ronald Koeman, Xavi registou 75 vitórias em 122 jogos e levou os blaugrana à conquista de uma Liga Espanhola e uma Supertaça, ambas na temporada passada. A saída poderia manchar o legado, construído principalmente como jogador, mas o regresso não está fora de questão...

«Não descarto um regresso. Sou um homem do clube e o Barça vai ter-me para o que precisar, mas por agora penso que não precisam de mim», revelou, esta terça-feira. «O trabalho não é valorizado, fazem-te sentir inútil todos os dias. Ouvi isso a falar com o Pep, também aconteceu com o Valverde e vi o Luis Enrique sofrer.»

O Barcelona volta a entrar em campo esta quarta-feira, na receção ao 11º classificado Osasuna. Arranca, pelas 18h00, o início do fim da era Xavi no comando técnico dos catalães, que estão a 11 pontos do líder Girona.