Fábrica de craques já rendeu mais de 600 milhões ao Salzburg: «É um absurdo»

9 meses atrás 113

Erling Haaland, Sadio Mané, Dominik Szoboszlai, Dayot Upamecano, Naby Keïta, Hwang Hee-Chan, Sabitzer, Patson Daka.

A lista de talentos parece infindável e todos os nomes têm um denominador em comum: RB Salzburg. O decacampeão austríaco - para além de dominar dentro de campo -, também é uma fábrica de craques.

Segundo dados do transfermark, desde 2013/2014 até 2023/2024, o clube já acumulou cerca de 630 milhões (!) em vendas

q O Red Bull Salzburg é visto como um Bayern na Áustria

Rodnei de Lima

No total, nos últimos 10 anos, o Salzburg somou 630,62 milhões, sendo que, a época 2019/2020 acabou por ser a mais enriquecedora (113,75 milhões). 

Com uma rede de scouting extensa e um modus operandi muito particular, o emblema de Salzburgo alterou o paradigma em 2012 - momento em que Ralf Rangnick assumiu o controlo do projeto Red Bull, quer em Leipzig, quer em Salzburgo. A política, como Ragnick confessou ao The Coaches' voice, é simples: «Desenvolver jogadores jovens, para vendê-los com um grande lucro.»

Com uma filosofia assente em três C's - conceito, competência e capital -, o atual selecionador da Áustria transfigurou por completo o mundo do Salzburg. Em conversa com o zerozero, Berger, Klein e Rodnei de Lima - todos com um passado no RB Salzburg - sublinharam a importância do ex-dirigente desportivo da Red Bull e abordaram a metodologia «absurda» e «incrível» do clube.

«Apenas pensei: 'WOW, eles são incríveis'»

@Getty / picture alliance

De forma simples, os três C's sintetizam-se em «ADN», «scouting» e «apoio financeiro». Começando pelo ADN

Para Ralf Rangnick, o projeto tinha que começar com uma identidade que «empolgasse» os adeptos. Isto é, adotar um estilo de jogo entusiasmante, intenso e que se traduzisse em vitórias. Segundo Klein, a identidade do clube é «fundamental» e tem surpreendido, principalmente na Champions.

«Para mim é absolutamente incrível a forma como eles se têm comportado na fase de grupos da Liga dos Campeões. Eu vi o primeiro jogo, em Lisboa, e apenas pensei: 'WOW, eles são incríveis'.» 

q Eu já tive a oportunidade de assistir bem de perto à forma de como eles trabalham e, para mim, é um absurdo

Markus Berger

«Nunca pensei que fossem capazes de jogar um estilo tão particular na Champions, confesso que adorei o jogo em Lisboa. Já contra o Inter e em San Sebástian jogaram bem, principalmente para uma equipa tão jovem», explanou o ex-jogador austríaco.

Com um ADN vincado, quer no contexto nacional, quer no contexto internacional, o Salzburg não tirou as asas aos principais talentos e viu - ano após ano - vários craques voarem para outros campeonatos. E aqui entra o scouting.

Em 2014/2015, Sadio Mané foi um dos muitos primeiros craques a render «dois dígitos» e a confirmar a premissa inicial de Ragnick. Mas os austríacos não ficaram satisfeitos com apenas uma grande venda. Seguiram-se talentos como Haaland, Daka e Szoboszlai - a maior venda de sempre do clube - a render muitos milhões ao clube.

«Eu queria vender jogadores por dois dígitos em dois anos. Houve alguma descrença, mas eu tinha a certeza de que precisávamos apenas de encontrar os jogadores certos, ter os melhores treinadores possíveis e focar no desenvolvimento dos nossos jogadores», referiu o ex-dirigente do emblema austríaco.

«Comparo o Salzburg ao Benfica e ao FC Porto»

Berger, que fez a formação no clube austríaco e esteve sete épocas em Portugal, explicou a capacidade do clube vender tantos jogadores e comparou mesmo o Salzburg a dois 'grandes' portugueses.

«Comparo o Salzburg ao Benfica e ao FC Porto, porque havia uma altura em que eles vendiam imensos jogadores de grande qualidade.»

«Recordo-me do Hulk, Falcão, James, Witsel... tantos bons jogadores. Mas o que o Salzburg faz é, na verdade, simples: têm um scouting muito bom», começou por apontar.

Szoboszlai foi a maior venda da história do Salzburg (36 milhões) @Getty Images

«Têm scouts em todo o mundo. Eu já tive a oportunidade de assistir bem de perto à forma de como eles trabalham e, para mim, é um absurdo. Eles procuram mesmo trabalhar no rigor e no detalhe», elogiou o ex-central austríaco.

Florian, por outro lado, defende a formação de Salzburg e a capacidade competitiva do clube que, apesar das vendas, permanece no topo do futebol austríaco.

«O objetivo deles é apostar na formação e potenciar os jovens. Eu penso para mim todos os anos: 'esta época vai ser muito difícil para o Salzburg porque eu não conheço nenhum jogador que eles foram buscar da formação, muitos são extremamente jovens e nunca jogaram na Primeira Liga'. No entanto, na época seguinte eles voltam a ser líderes do campeonato», esclareceu.

Por fim, para além do ADN e do scouting, importa sublinhar a importância do apoio financeiro. Ragnick destacou a importância do 'último C' - capital - para conferir competência no clube.

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«O dinheiro é fundamental. Não há dúvida de que o apoio financeiro da Red Bull nos permitiu implementar a filosofia que queríamos», admitiu o atual selecionador da Áustria.

Rodnei também destacou a importância da entrada de capital e reforçou a capacidade do clube em encontrar jovens talentosos e ambiciosos.

«O Red Bull acaba por aproveitar a vontade dos jovens - que procuram alcançar grandes feitos e chegar a grandes clubes como o Real Madrid ou o Liverpool. Acho [n.d.r: essa estratégia do Red Bull] sensacional. Eles têm o Liefering - que é praticamente a segunda equipa do Red Bull - e eles já preparam os jogadores para dar o salto.»

«E, claro, o clube tem um apoio financeiro muito bom e acabam por contratar muitos jogadores de qualidade. O Red Bull Salzburg é visto como um Bayern na Áustria», finalizou o ex-jogador brasileiro do Salzburg.

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