Fé e esperança em Portugal

9 meses atrás 66

A terminar o ano, é tempo de balanços e previsões, onde por muito otimismo que haja, é quase unanime antever inúmeras nuvens de incerteza no horizonte. Desde logo porque 2023 nos deixa, com a demissão de um governo de maioria absoluta, um primeiro-ministro e um Presidente da República com suspeitas e polemicas em demasia, e um clima na sociedade de crispação e agitação poucas vezes vista nesta intensidade.

Durante muitos anos e por diversos quadrantes da sociedade portuguesa, a democracia tem sido vista como uma conquista e um avanço civilizacional por quem muitos portugueses e portuguesas batalharam e pugnaram. Mas neste final de ano, e sem de forma alguma querer colocar em causa este legado, atrevo-me a perguntar se a maioria das franjas da nossa sociedade sente esta conquista como uma mais-valia ou uma ferramenta que os ajuda a viver verdadeiramente melhor no seu dia-a-dia?

Perante os mais diversos indicadores sociais, políticos, económicos e éticos, não faltam vozes mudas de esperança a clamar por uma reforma do estado das coisas, que traga alento a uma sociedade, que não pode continuar a empurrar para as margens, homens e mulheres vítimas de resultados discriminatórios. Uma política que passa a responsabilidade de manter um país para cima dos ombros duma classe média cada vez menor e mais sobrecarregada por impostos. Mas, sem cortes na gordura do Estado e na inoperância de quem nos governa, os alívios fiscais não ocorrem, e a mudança de paradigma é sistematicamente adiada.

Aumenta a falta de transparência e de responsabilização dos intervenientes públicos, económicos e políticos, numa constante manipulação ideológica da saúde, da educação e da justiça, sectores vitais do Estado. É neste cenário que Portugal vai novamente a votos, a terceira vezes nos últimos quatro anos. Não terá chegado a hora de se fazer diferente, pois não se espere outros resultados continuando a fazer tudo igual! É que a verdadeira crise do País é do seu sistema político, e alterar o que é necessário, é passar das palavras às soluções.

Temos de ser audazes para descobrir novas fórmulas que permitam que se cumpra Portugal. Para que os portugueses possam acreditar mais nas instituições, na justiça, na equidade, na proporcionalidade e no equilíbrio do Estado Social. Pugnar por alterar o nosso sistema eleitoral e o sistema político, para que possa construir um país melhor, com a economia mais robusta e uma sociedade que diminua o fosso da desigualdade social, da pobreza e da exclusão social, contribuirá para uma democracia mais sã e duradoura.

Não faltam desafios que terão de passar forçosamente por libertar a economia, para com competitividade contribuir para a criação de riqueza, numa sociedade civil criativa, empreendedora e inovadora, que torne o Estado forte e o leve a ser eficiente.

Em suma Portugal precisa de política credível e de atingir o verdadeiro crescimento económico que todos merecemos em 2024. Um Feliz Natal!

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