Fernando Gomes: «Sem um futebol profissional saudável não haverá capacidade para investir na formação»

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Fernando Gomes agradeceu de forma muito especial a António Salvador pela organização do Congresso que decorre entre hoje e amanhã em Braga.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol enalteceu o momento de reflexão, considerando "importante este tipo de iniciativas". "É algo que devemos fazer muitas vezes em conjunto, debatendo ideias, partilhando e procurando os caminhos mais adequados. O mínimo que posso fazer, estando aqui, é contribuir. Contribuir de peito aberto, com clareza, dentro do futebol", registou Fernando Gomes, recomendando de pronto "a leitura do plano estratégico da Federação Portuguesa de Futebol, denominado Futebol 2030" e destacando as valências do mesmo:

"É um plano estratégico desenvolvido durante cerca de um ano pela organização que eu me orgulho de liderar desde 2011. Mas acima de tudo por ser um documento que foi elaborado depois de muita discussão interna e externa relativamente ao objetivo futuro do futebol em Portugal. Mais do que apenas tentar adivinhar o futuro, tarefa que diz mais respeito a assessores, consultores, opinadores, o Futebol 2030 desenha programas e estabelece metas e objetivos."

O presidente da FPF destacou depois a organização do Mundial 2030 que Portugal vai partilhar com Espanha e Marrocos:

"2030 será um ano irrepetível. Temos trabalhado para que nessa data Portugal receba milhares de pessoas que aqui assistiram a jogos do Mundial. Em casa, através da televisão ou de qualquer outro aparelho, o planeta olhará para nós. Não voltará no nosso tempo de vida a existir semelhante oportunidade para afirmar Portugal. O país terá de tratar também da sua parte, sabendo corresponder nas mais diversas áreas, recebendo bem, como sabe fazer e mostrando a qualidade dos seus recursos humanos e naturais, a sua cultura e a sua forma de estar única no mundo."
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Depois de destacar muitos dos números que registam a grandeza do futebol em Portugal, Fernando Gomes, deixou ainda bem explícito outros registos: "Em 2011, quando aqui chegamos, tínhamos 13 seleções nacionais. Hoje temos 28. Em 2011, organizávamos 23 provas nacionais. Hoje temos 54. Temos um plano estratégico. E sabemos para onde ir. Quer isto dizer que está tudo bem? Seguramente que não. Mas acredito muito nos dirigentes e nos clubes e na sua capacidade para encontrar caminhos. Os nossos clubes, e mais uma vez saliento o trabalho fantástico do Sp. Braga, mas sabemos que não é o único, têm sabido formar, fazer crescer e vender bem. Isso tem permitido atenuar um pouco a distância para os clubes de outros países, não só com mais população, como com campeonatos internos que se desenvolveram mais depressa e que são hoje vistos e desejados pelo mundo."

"Sem um futebol profissional saudável, não haverá capacidade para investir na formação. E sem formação, a médio prazo, os clubes e as seleções sofrerão. Por muito bons que sejam os nossos selecionadores, sem o trabalho da excelência dos clubes, não teremos sucesso. No plano estratégico da Federação Portuguesa de Futebol, de que vos falei, definimos também vários objetivos para as competições profissionais. Recupero aqui dois deles. O tempo útil de jogo e a percentagem da ocupação das bancadas. Há aspetos estruturais que não conseguimos mudar. Portugal será sempre um país mais pequeno do que a Inglaterra e a Alemanha e terá sempre muito menos população que esses países. Mas há outros que só dependem de nós. Nada nos impede de tentar ter o campeonato europeu com maior percentagem de tempo útil. Só depende de nós. Por isso definimos como objetivo até 2030, se jogarmos mais tempo, será mais agradável ver os nossos jogos. Também só depende de nós termos mais pessoas necessárias. Verifiquei com agrado que na época passada a Liga Portugal tentou corresponder ao desafio que lançámos. Estou seguro que o esforço será perdurado. Temos hoje uma Liga estabilizada, a quem os clubes oferecem o apoio praticamente unânime e que tem pela frente os maiores desafios do nosso futebol. Conseguir uma adaptação rápida e eficiente à mudança nas provas europeias. Compreender as alterações no ecossistema audiovisual. E finalmente, fechar a centralização de direitos, entregando aos clubes o volume de receitas prometido", concluiu Fernando Gomes que, no final da sessão de abertura do Congresso do Sp. Braga recebeu um galardão das mãos de António Salvador para assinalar o seu último mandato como presidente da FFP.

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