«Faltou uma palavra de consideração do Benfica»
Sensivelmente três anos depois, Ferro está de regresso ao Estádio da Luz. Um palco de emoções mistas e de recordações excelentes (e menos positivas): foi sua casa durante duas épocas, titular em 59 ocasiões, ergueu dois troféus e foi, acima de tudo, campeão nacional.
Ferro viveu dias de muita glória e uma ascensão de sonho, quando pouco fazia prever. A estreia pela equipa principal foi perante o Sporting - vitória por 2-1 - e a estreia a titular não podia ter corrido melhor: goleada histórica e golo na Luz.
Tudo a correr de feição numa segunda metade de temporada perto da perfeição: dos 18 jogos que participou pela equipa A, anotou três golos, apenas perdeu por uma ocasião e somou 15 triunfos, tendo culminado a temporada com o título de campeão. Depois disso, iniciou a época seguinte da mesma forma - goleada contra o Sporting na Supertaça - e foi titular indiscutível com Bruno Lage.
 | Ferro 4 títulos oficiais |
Não obstante, o dia 4 de julho de 2020 - marcado pela saída de Bruno Lage do comando técnico encarnado - colocou a carreira do central português de pernas para o ar: de titular para suplente e de suplente para descartado. O começo do pesadelo.
Tudo num espaço de poucos meses, tendo sido algo sublinhado com a chegada de Jorge Jesus e, consequentemente, reforços para a posição de defesa central - Otamendi e Vertonghen, mais especificamente.
Em entrevista ao Europa Viva, o central revelou a existência de «diversos fatores» que contribuíram para esta «queda» no clube da Luz.
«A nível pessoal, as exibições começaram a piorar, depois - com a pandemia - por não ter existido aquele tempo para treinar, a minha forma física não foi a melhor quando regressei, tive algumas lesões e, por fim, a mudança de treinador. Jorge Jesus nunca apostou muito em mim, mas faz parte.»
«Se não aconteceu [n.d.r: Ferro refere-se à sua afirmação no Benfica] foi ou por minha culpa, ou porque Deus não quis. Estou feliz e não vale a pena olhar para o passado. Mas penso que faltou uma palavra de consideração: passei muitos anos no Benfica e penso que ninguém tem nada a apontar. Fiquei um pouco triste, mas foram coisas que já passaram. São águas passadas.»
«Não está no topo das suas potencialidades»
Rúben Dias foi o jogador que mais vezes atuou ao lado de Ferro @Carlos Alberto Costa
Posto isto, depois de uma entrada impactante na equipa principal do Benfica, que resultou no título de campeão nacional, quatro golos e uma chamada à seleção nacional, Ferro - de empréstimo em empréstimo - desapareceu do radar nacional. Durante esse período, o central formado nas águias esteve no Valencia (apenas três jogos), Hajduk Split - onde teve mais sucesso e jogou durante três épocas - e Vitesse.
Agora, de regresso ao futebol português pelo Estrela, Ferro estreou-se a titular diante do Famalicão, mas nem tudo correu de feição.
Na derrota em casa perante o Famalicão, o central esteve diretamente envolvido no lance do primeiro golo e Filipe Martins, em conferência de imprensa [n.d.r: veja aqui o vídeo], assumiu que o central ainda «não está no topo das potencialidades».
«Chegou muito limitado fisicamente do Hajduk Split, com um desequilíbrio muscular algo grande e teve de fazer um trabalho que está a resultar em pleno.»
«Até me surpreendeu o facto de ter jogado os 90 minutos e até num bom nível, mas não está no topo das suas potencialidades. Para a semana [n.d.r: próxima jornada] deverá jogar novamente», referiu o treinador do emblema da Amadora.
Em pleno Estádio da Luz, perante uma casa bem composta, o jogador de 27 anos regressa a um local onde viveu um pouco de tudo. Benfica - Estrela da Amadora, jogo a contar para a jornada três do campeonato, joga-se este sábado.
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