“Ficaram com os passaportes e impediram-nos de usar os telemóveis”

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Eleições na Venezuela

27 jul, 2024 - 20:27 • Manuela Pires

Sebastião Bugalho conta à Renascença que, antes de viajar, a delegação do PPE informou as autoridades de Caracas e garante que não viajaram para ficar à porta.

Sebastião Bugalho chegou na tarde deste sábado a Lisboa, depois de uma longa viagem de ida e volta à Venezuela, sem sair do aeroporto de Caracas. O eurodeputado do PSD integrava uma delegação do PPE que ia acompanhar as eleições presidências deste domingo na Venezuela a convite da líder do maior partido da oposição.

Apesar de não terem o estatuto de observadores das eleições, foi esse o argumento usado pelas autoridades do país para impedirem a entrada desta delegação que integrava três eurodeputados, um senador do PP espanhol, dois elementos do Congresso de Deputados espanhol e ainda duas pessoas de uma ONG ibero-americana.

Em declarações à Renascença, minutos depois de ter chegado a Lisboa, o eurodeputado do PSD conta que ficaram retidos no aeroporto, sem passaporte e sem possibilidade de usar os telefones.

“Fomos transportados para uma sala, confiscaram-nos os passaportes diplomáticos e leram-nos uma proclamação, que recusaram entregar-nos, onde dizem que recusam o nosso estatuto de Observador eleitoral e anunciavam a nossa expulsão do país” relata Sebastião Bugalho.

Mas o eurodeputado acrescenta que esta justificação não faz sentido, porque não estavam como observadores das eleições.

Sebastião Bugalho impedido de observar eleições na Venezuela com delegação do PPE

Nós nunca pedimos para ser observadores eleitorais nem para integrar o corpo de observação eleitoral oficial do ato eleitoral. Fomos expulsos por uma coisa que não somos. Simplesmente pretendíamos visitar o país a convite da oposição democrática, coisa que, como sabe, é bastante comum nos países que se proclamam de democracias,” remata o eurodeputado.

Na declaração que foi lida, as autoridades venezuelanas justificavam a recusa de entrada aos eurodeputados porque tinham votado a favor de várias resoluções no Parlamento Europeu. Sebastião Bugalho diz que é ridículo porque foi eleito apenas em junho e não votou nenhuma destas matérias.

“No meu caso ainda foi mais inusitado, porque a proclamação acusava aqueles que a escutavam de termos sancionado a Venezuela, o que, tendo em conta que eu tomei posse há menos de duas semanas, é um pouco cómico porque não tive tempo de sancionar ninguém” diz Sebastião Bugalho.

Esta não é a primeira vez que deputados do PPE são impedidos de entrar na Venezuela, aconteceu em 2019 a Paulo Rangel e Esteban Gonzalez Pons, dois eurodeputados do PPE pretendiam encontrar-se com o autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó.

Delegação do PSD à Venezuela lamenta como Sebastião Bugalho foi tratado pelas autoridades locais

Desta vez, Sebastião Bugalho garante que não iam para ficar à porta e que, antes da viagem, contactaram as autoridades venezuelanas, dando-lhes conta da visita que iam fazer.

“Nós não fomos para ficar à porta. Do ponto de vista institucional e diplomático, comportamo-nos de forma irrepreensível, porque nós perguntámos, nós quisemos saber, nós manifestámos as nossas intenções de forma límpida e correta,” remata Sebastião Bugalho, lembrando que muitos ex-presidentes de países da América Latina foram também impedidos de entrar na Venezuela nas últimas horas.

Apesar da situação que viveu no aeroporto e de isso o ter impedido de entrar na Venezuela, Bugalho diz que se mantém otimista quanto ao futuro democrático do país.

“No avião de Madrid para Caracas viemos acompanhados de vários venezuelanos, que iam particularmente comovidos por participarem na eleição. Sabemos que há uma enorme vontade de participar no ato eleitoral e que há uma enorme vontade e um desejo e uma ambição que o seja transparente e participado,” revela o eurodeputado.

Depois desta viagem atribulada, o eurodeputado do PSD deixa um agradecimento à equipa diplomática de Portugal na Venezuela, que se disponibilizou para o apoiar.

“O corpo diplomático foi irrepreensível, apesar de obviamente ter missões bem diferentes de um eurodeputado, mas foi irrepreensível no acompanhamento desta visita,” refere Sebastião Bugalho.

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