No adeus ao Estádio do Dragão, Mehdi Taremi decidiu o dérbi contra o Boavista no último suspiro. Um momento de poesia no tapete voador do avançado persa.
O tapete mágico de Mehdi
Mereceu ser o herói do jogo. Não o melhor em campo, pois até nem teve minutos para isso, mas o jogador decisivo. No último jogo feito no relvado do Dragão e com a mudança para Milão já definida, Mehdi teve o instinto perfeito para aparecer no momento certo aos 90+8 minutos. O cruzamento de Chico Conceição é ótimo, sim, e a finalização de cabeça de Taremi ainda melhor. Principalmente por ter sido feita num instante de pressão máxima. São 90 golos em 180 jogos pelo FC Porto, uma média de meio golo por partida. Números reveladores da influência maiúscula do iraniano nestas últimas quatro épocas.
Chico, Chico e... mais Chico
Nos momentos desinspirados, a equipa do FC Porto procura Francisco Conceição. Nos momentos inspirados, é do pé esquerdo de Francisco que saem os melhores pedaços de futebol azul e branco. Chico, Chico e mais Chico. O elogio é mais do que justo para o esquerdino, embora revelador de uma dependência não muito saudável. Não por acaso, a equipa do pai Conceição passou mais de uma hora à procura de um momento reconciliador com as bancadas e o bom futebol. A expulsão de Pedro Malheiro ajudou e, mais tarde, Chico fez o que tão bem sabe na direita e serviu Taremi com a genialidade dos eleitos. Sexta assistência para golo esta época.
O homem dos golos impossíveis
À entrada para o período de compensação, Bruno Lourenço era o melhor em campo para o zerozero. Muito por culpa do fabuloso golo marcado aos 59 minutos. O esquerdino é, de resto, um especialista nestes momentos impossíveis. Quem não se lembra dos dois golos ao Sporting na época passada ou do chapéu perfeito a Andrew ainda na passada semana? Falta-lhe outra estabilidade competitiva e exibicional para se aproximar da elite. O talento, porém, está todo naquele pé esquerdo. O pontapé em arco, na área do FC Porto, é fabuloso.
Até ao limite
Os 23 anos têm-no traído aqui e ali, demasiada responsabilidade para tão pouca experiência. João Gonçalves não tem escapado às críticas, mas a verdade é que o potencial está lá. Tem boa estampa física, sabe estar na baliza e no Dragão fez uma das melhores aparições da época. Uma noite tremenda, principalmente na jogada em que consegue parar dois remates aparentemente condenados ao golo. Nos golos do FC Porto nada podia fazer. Nota altíssima no dérbi.
Patinho feio com bons cremes de rosto
O estatuto acompanha-o. Talvez por ter saído da equipa B, talvez por não ser o central mais elegante do mundo, talvez por mero preconceito. 'Patinho feio, ponto final parágrafo', grita-se das bancadas do Dragão. Se é feio, então é provável que o creme de rosto seja bom. Leva já 15 presenças oficiais e dois golos importantíssimos, ambos de cabeça e ambos no Dragão: um frente ao Casa Pia e outro neste dérbi, a dar o empate ao FC Porto quando o desespero era evidente.
Faz milagres e fala francês
As lesões não lhe têm permitido fazer uma época regular. Lesões, várias lesões. Mas Sasso sabe tudo sobre a função de defesa central. Posiciona-se bem, sabe ler o jogo, antecipa-se quando tem de se antecipar e usa o corpo como poucos. No Dragão fez milagres sucessivos, ao bloquear pelo menos três remates perigosíssimos. Um dos heróis no lado do Boavista, mesmo caído ao chão no final do jogo. Grande exibição, a prometer dose igual na despedida do campeonato.
Imprudência infantil
Aquela entrada despropositada sobre Taremi, a meio do segundo tempo, virou o dérbi de pantanas e deixou o Boavista exposto ao assalto final dos dragões. Um erro infantil do lateral direito, que até estava a ser um dos melhores em campo. Foi dele, aliás, o passe para o golo fabuloso de Bruno Lourenço e saíram do pé direito de Malheiro alguns cruzamentos perfeitos. Tinha amarelo e não podia ter feito a falta que fez naquele momento. Nota negativa, por esse erro grave.