Fileira do calçado leva 76 empresas a quatro feiras internacionais em Milão

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Setenta e seis empresas portuguesas da fileira do calçado participam na próxima semana, em Milão, Itália, nos certames internacionais Micam, Mipel, Lineapelle e Simac, apostando numa retoma do consumo para inverter a quebra das exportações no primeiro semestre.

"Antevemos que a redução das taxas de juro e a inflação controlada possam funcionar como estímulos ao consumo, pelo que prevemos que o segundo semestre de 2024 seja já de alguma recuperação do setor a nível internacional", considera o porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), citado num comunicado.

Quanto a 2025, Paulo Gonçalves espera que "seja já o ano regresso em força do calçado português aos mercados internacionais".

Depois de um ano de 2023 "de forte contenção" e de um 2024 "de transição" - até junho deste ano Portugal exportou 35 milhões de pares de calçado no valor de 818 milhões de euros, o que corresponde a quebras homólogas de 1,8% e de 15,2%, respetivamente o setor do calçado garante estar de "baterias apontadas" a 2025.

"Estamos a procurar, num contexto de grande exigência, regressar paulatinamente aos mercados internacionais", afirma o presidente da APICCAPS, Luís Onofre.

Nas feiras de calçado Micam e de acessórios de pele Mipel - que decorrem de domingo a terça-feira - a comitiva portuguesa contará com a participação de 40 empresas (39 na Micam e uma na Mipel), um crescimento de 21% face à edição anterior.

Já na feira de componentes para calçado e curtumes Lineapelle, a delegação nacional será assegurada por 30 empresas, enquanto na Simac, o certame de tecnologia para a fileira, seis empresas portuguesas apresentarão os primeiros resultados do projeto mobilizador FAIST, orçado em 60 milhões de euros e enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estes dois certames decorrem de terça a quinta-feira.

Lembrando que, por exportar mais de 90% da sua produção, o setor português do calçado "está muito dependente da evolução dos mercados internacionais", a associação nota que 2023 foi um ano "particularmente difícil para o setor do calçado a nível mundial", devido aos efeitos colaterais da guerra e à retração do consumo.

Já este ano, refere, o primeiro semestre "continua a penalizar os principais 'players' do setor".

"A retração do consumo estende-se praticamente a todos os grandes blocos económicos, com as importações da Alemanha a recuarem 2%, da Bélgica 14%, da França 3%, do Japão 11% e do Reino Unido 5% nos primeiros cinco meses do ano", detalha a APICCAPS.

De acordo com a associação, "na grande tela internacional apenas os EUA ficam relativamente bem na fotografia, recuperando 1% nas importações, depois de uma perda na ordem dos 30% no último ano".

Neste contexto, na primeira metade do ano os principais exportadores de calçado foram afetados pela retração do consumo, sendo disso exemplo o líder mundial do setor a China cujas vendas para o exterior recuaram 9% até junho.

O líder da associação italiana de calçado Assocalzaturifici, Giovanna Ceolini, refere que também as exportações italianas de calçado caíram 9% até maio, evidenciando que "a desaceleração que começou na segunda metade de 2023 continua este ano", tendo-se tornado ainda mais acentuada nos últimos meses, "com uma forte redução nas encomendas e na atividade de produção".

Tendo por base o inquérito periódico efetuado ao universo de empresas italianas de calçado, a expectativa dos empresários é que, "possivelmente, a recuperação do setor chegue apenas em 2025".

No Brasil, o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, acredita num "segundo semestre melhor", mas aponta, este ano, "além da baixa dinâmica do consumo internacional, dificuldades adicionais nos dois principais destinos do calçado brasileiro no exterior, os Estados Unidos e a Argentina".

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