Floene defende mais apoios para produção nacional de biometano disparar mais de 15 vezes

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Distribuidora de gás defende apoios para centrais de biogás que queiram passar para biometano e também para novas centrais, incluindo apoio ao Capex, tarifas feed-in e custos partilhados na construção da rede.

A distribuidora de gás Floene defende mais apoios para a produção nacional de biometano disparar mais de 15 vezes até 2050 de 0,9 TWH para quase 14 terawatts hora (TWh) por ano.

Até 2050, a maioria da produção deste gás renovável deverá ter como fonte a biomassa (3 Twh), o metano sintético (2,8 TWh), a agropecuária (2,7 TWh), os aterros (2,5 TWh), a agroindústria (2,4 TWh) e as ETAR (0,5 TWh).

Entre as suas propostas para o desenvolvimento do biometano, encontra-se: “apoiar a aceleração da oferta com maior apoio ao Capex; melhorar as condições da tarifa de apoio (FiT) para garantir o aproveitamento da capacidade potencial; incentivar a conversão das unidades de biogás em biometano; partilha de investimentos (cost-sharing) entre o produtor de gás e o ORD”.

“Se esses sinais estiverem claros já hoje, se estiverem firmes e visivéis. Desligo uma ficha e ligo logo a outra, mas se não tiver vibisilidade não me mexo”, disse o CEO da Floene esta quarta-feira quando questionado se as centrais de biogás estarão interessadas em passar para biometano assim que terminadas as tarifas garantidas atuais (Feed in Tariff, FIT) que vão terminando gradualmente até 2028 e que rondam os 120/130 euros/MWh em média. Como exemplo de nova tarifa, aponta para os 62 euros/MWh que são propostos no Plano Nacional de Biometano.

Atualmente, existem 70 unidades a produzir biogás para queimar para produzir electricidade, com o responsável a explicar que é relativamente fácil adaptar a unidade para produzir gás biometano para injetar na rede de gás, com investimentos na ordem dos 1,5 milhões de euros.

Até 2030, a Floene espera que haja um total de 66 produtores de biometano no país entre centrais de biogás convertidas e novas unidades que venham a aderir.

“As unidades que estão a produzir biogás devem ter sinais claros para passar de biogás para biometano, através de feed in tariff. 2030 é amanhã. O primeiro passo deve ter um apoio para começar a fazer a viagem”, afirmou o responsável durante a apresentação do estudo Gases renováveis e redes de futuro da Roland Berger. “Com o tempo, vamos assistindo a mais um mind set em que, de facto, os gases renováveis são essenciais para a solução”.

A Floene defende assim um “maior apoio ao Capex destes projetos, incentivar a conversão das unidades de biogás para biometano e o cost-sharing dos produtores e a rede de gás: 60% suportados pelo sistema e 40% suportados pelo produtor”.

O responsável adiantou que existem já 170 pedidos de informação com o objetivo de produzir e injetar biometano na rede, apontando que esta produção gera receitas extra para unidades de agropecuária, aterros, agroindústria, ETAR, centrais de  biomassa ou unidades industriais onde se produza metano sintético.

Gases renováveis com capacidade para substituir a 100% gás fóssil importado

Os gases renováveis têm a capacidade para substituir totalmente o gás natural, de origem fóssil, importado até 2050. Esta é uma das conclusões do estudo Gases renováveis e redes do futuro apresentado hoje em Lisboa pela Floene, companhia de distribuição de gás natural.

Olhando para 2050, o estudo aponta que os gases renováveis como o biometano e o hidrogénio verde vão conseguir ultrapassar o consumo nacional estimado para esse ano: 23,2 terawatts hora (Twh). Já a oferta de gases renováveis deverá superar os 59 TWh.

Destacando o biometano, a produção deste gás deverá atingir quase 14 TWh em 20250 a partir de várias fontes: biomassa, metano sintético, agropecuária, aterros, agroindústria e ETAR.

Analisando os diversos caminhos de descarbonização até 2050, o estudo concluiu que uma descarbonização equilibrada (eletrificação com gases renováveis) vai ser a que implica menores custos de investimentos na rede de distribuição de gás, na rede de transporte de gás e na rede elétrica: entre 1.120 a 1.740 milhões de euros de Capex.

No cenário de eletrificação intensiva, o Capex previsto deverá situar-se entre os 1.920 – 3.200 milhões de euros. No cenário de hidrogénio extensivo, o Capex deverá atingir os 1.430 a 2.200 milhões de euros. Um valor de Capex superior implica mais valor de investimento em redes, logo um maior peso nas tarifas da eletricidade e de gás natural para famílias e empresas.

O estudo argumenta que o cenário de descarbonização equilibrada é o que permite maiores poupanças de custos: poupança de 1.400 milhões de euros por não implicar investimentos na adaptação dos consumidores; poupança de 1.130 milhões de euros por reduzir significativamente a necessidade de investimentos no sistema.

“Se quisermos descarbonizar de forma sustentável, é importante ter soluções equilibradas. Há um potencial muito grande de gases renováveis. As poupanças dos custos globais do sistema podem representar valores de 2.500 milhões de euros. Uma poupança de 60% face a um cenário somente assente na eletricidade verde”, disse o CEO da Floene Gabriel de Sousa esta quarta-feira durante a apresentação do estudo em Lisboa.

A distribuidora destaca que a infraestrutura nacional de gás já está instalada e pronta para começar a utilizar os gases como biometano e hidrogénio verde, o que permite logo gerar poupanças. Por outro lado, a produção nacional destes gases vai permitir parar com a compra de gás fóssil a países estrangeiros.

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