FMI prevê retoma de megaprojeto de gás da Total ainda este ano

2 meses atrás 65

"Prevê-se que o projeto `onshore` de GNL liderado pela TotalEnergies retome o desenvolvimento em 2024", lê-se num relatório do FMI da quarta avaliação ao programa de Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês), concluída este mês, consultado hoje pela Lusa.

Após os ataques terroristas em 2021 em Cabo Delgado, a TotalEnergies, que lidera o consórcio da Área 1, suspendeu o projeto de GNL, um dos maiores investimentos em África, avaliado em 20 mil milhões de dólares (18,2 mil milhões de euros).

"Tendo em vista a melhoria da segurança no norte, a TotalEnergies realizou em maio de 2023 uma avaliação da situação dos direitos humanos e desenvolveu um plano de ação que estabelece uma base para o desenvolvimento socioeconómico local. Embora ainda não tenham anunciado a retoma oficial da fase de desenvolvimento, a mesma está prevista para 2024, assim que o financiamento do projeto estiver assegurado", acrescenta o FMI, estimando o início das exportações de GNL em 2028, um ano mais tarde do que a previsão anterior.

"Entretanto, presume-se que o projeto Coral FLNG liderado pela ENI, que iniciou a produção no final de 2022, tenha atingido 70% da capacidade anual em 2023, e quase plena capacidade em 2024", afirma o FMI, admitindo que as receitas públicas de Moçambique com a exportação de gás natural "serão inicialmente pequenas", menos de 0,1% do PIB em 2023.

"Prevê-se que atinja 0,6% do PIB em 2028, quando o primeiro projeto `onshore` iniciar a produção", refere-se no relatório do FMI.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A TotalEnergies tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.

O presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, reconheceu em maio "progressos positivos" para a retoma deste projeto, mas sem se comprometer com prazos.

"Estamos a trabalhar nisso, e é melhor trabalhar assim, é gradual", disse Patrick Pouyanné, questionado pelos jornalistas, no Ruanda, após uma reunião com o Presidente Moçambicano, Filipe Nyusi, em que foi analisado o estado do projeto da TotalEnergies e a segurança em Cabo Delgado, tendo em conta os ataques de insurgentes que continuam a verificar-se.

"Discutimos as condições para retomar o projeto em Cabo Delgado. Acredito que temos progressos positivos com todos os empreiteiros e desse ponto de vista estamos prontos para retomar. Também estamos a trabalhar com todas os financiadores, para retomar o financiamento do projeto, e está a progredir bem", acrescentou.

Patrick Pouyanné disse que discutiu com Filipe Nyusi a "situação de segurança" e "os progressos que têm sido alcançados, em particular no norte de Cabo Delgado", garantindo que a petrolífera francesa está a "trabalhar em Palma", embora sem esclarecer se a retoma definitiva do projeto poderá acontecer ainda este ano.

"Não deve ser assim. Deve ser passo a passo e quando todas as coisas estiverem reunidas, vamos comunicar", disse.

O Presidente de Moçambique disse em 02 de maio, em Maputo, ser fundamental a retoma dos megaprojetos de gás natural face à "promissora estabilidade" em Cabo Delgado, palco de ataques terroristas, afirmando que as decisões financeiras não podem ser argumento nesta fase.

"É fundamental isso porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista. Esse projeto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras", criticou Filipe Nyusi.

Ler artigo completo