Foi ao Google, procurou reforma e... Portugal. "Volto aos EUA numa urna"

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Cynthia Wilson e o seu marido, Craig Bjork, são dois norte-americanos que escolheram Portugal para viver a sua reforma, e apesar de, inicialmente, quererem fazer as coisas com calma, acabaram por reformar-se mais cedo quando a pandemia atingiu o mundo, e mudar-se para cá.

À CNN Internacional o casal contou como foi esta mudança, desde o momento em que decidiram que seria em Portugal que iam passar a sua reforma, assim como é viver aqui.

O casal encontrou o seu destino quando procurou no motor de busca "os melhores países para se reformar", e Portugal estava bem alto na lista.

A mulher contou que já esteve em 33 países, mas que em Portugal nunca tinha vindo - ao contrário do seu marido, que é um ex-marinheiro, que nos anos 70 estava foi colocado em Lisboa.

Os dois explicam que foi um "momento eureca" quando viram que Portugal estava na lista. O casal juntou-se quando estavam na casa dos 50, e foi o amor pelas viagens que o uniu. "Começámos a falar das nossas viagens. E ainda continuamos a falar sobre elas", explica a mulher.

A dupla explica que quando olhavam para os pais viam que estes tinham gasto durante a sua reforma muito dinheiro na saúde, e Portugal foi 'o escolhido' porque conseguiam usar o dinheiro que tinham para viajar, enquanto, por cá, apesar de terem seguro da saúde, também conseguiam aceder ao Serviço Nacional de Saúde.

O casal mudou-se para a Marinha Grande porque queria passar mais tempo com a comunidade portuguesa do que com outros norte-americanos. "Muitas pessoas que se mudam para Portugal gostam de se intitular ‘expatriados’ e passam o tempo em ‘encontros’ onde podem queixar-se a outros ‘expatriados’ de que ninguém em Portugal fala inglês, de que não conseguem encontrar a marca exata da sua lata de feijão e acusam os ‘nativos’ de serem impossíveis de conhecer”, referiu a mulher, explicando que esta "não era a vida que queriam", mas sim integrar-se.

Tão desejada... mas?

Wilson contou que a reforma tem sido "difícil para si", já que toda a sua vida foi a trabalhar. "Agora, nem sei que dia da semana é. É uma luta constante. Mas estou no sítio certo porque ninguém me olha de lado porque não estou apressada", contou.

Por forma a se integrarem, o casal também está a aprender português, que Wilson considera "muito difícil". "Sou boa nas línguas, mas português é desafiante", contou a mulher, que fala japonês e espanhol, assim como 'dá uns toques' no alemão, francês e dinamarquês.

O casal conta ainda que aprendeu 'a lidar' com as pessoas e os seus negócios quando alguns amigos portugueses lhe explicaram que "primeiro se tem de reconhecer a parte humana das pessoas". "A ética não é primeiro o trabalho, ou o dinheiro primeiro", apontou, acrescentando que é a "família e o lazer" que é o amis importante.

"As pessoas estão juntas o tempo tempo. Domingo é considerado um dia de família. Há sempre um almoço de família. As portuguesas estão sempre a cozinhar. É revigorante ver que as pessoas valorizam mais as relações do que a luta pelo poder", apontou.

Enquanto o plano era usar as poupanças para viajar ainda há, no entanto, algumas burocracias a tratar enquanto, um "enorme processo".

"Vou voltar aos Estados Unidos numa urna"

E no que diz respeito ao dinheiro, o casal também aponta algumas diferenças, já que enquanto para eles há coisas que são acessíveis, há sempre "algumas reações" por parte dos amigos portugueses, nomeadamente, em relação a coisas que estes consideram mais baratas.

"Cometemos esse erro uma vez. Quando viemos, dizíamos: 'Isto é praticamente grátis'", recordou, explicando que deixaram de o fazer, porque o que lhes parece acessível não é para quem ganha o salário mínimo. "E muitas pessoas ganham o salário mínimo. Por isso, sim, para os norte-americanos é mais barato viver aqui - se não for em Lisboa, Porto ou Algarve. Tentar viver aí é como tentar viver em São Francisco ou Manhattan. Essas são cidades caras", comparou, apontando que o custo de vida era "três vezes maior".

O casal fala ainda sobre a altura em que se vieram embora dos Estados Unidos, e como estavam preocupados com certas situações do país, como a violência armada. "Digo às pessoas: 'Fugimos do país'", contou Wilson, referindo que sentia indignação e revolta.

Desde que vieram para Portugal, a mulher não voltou ainda aos Estados Unidos, e diz que não tem planos para isso. "Vou voltar aos Estados Unidos numa urna. Não há absolutamente nada que me convença a voltar", garantiu. A mulher conta, no entanto, que tem saudades dos amigos e filho, mas refere que estes "são crescidos" e têm a sua vida.

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