Francisco Carcalho é mecânico na Lidl-Trek: «O nosso trabalho é ingrato»

1 mes atrás 238

As equipas do World Tour não têm apenas ciclistas portugueses. Há muitos outros elementos lusos que estão nas estruturas, como mecênicos, massagistas e até no staff diretivo.

Esta tarde fomos ao encontro de Francisco Carvalho, um mecânico que trabalha no World Tour desde 2010, ingressando na altura na equipa da RadioShack, hoje conhecida como a Lidl-Trek, que é uma das 22 equipas que vão participar na Volta a Espanha, que arranca esta tarde com um contrarrelógio de 12 quilómetros entre a Praça do Império e a Praia da Torre, em Oeiras.

E a conversa começou precisamente em tentarmos perceber que cuidados é preciso ter para as bicicletas de contrarrelógio.

"Muitos cuidados, mesmo. Temos que reapertar todos os dias o material da bicicleta, temos que ver como está o vento e consoante esses dados, colocarmos rodas altas ou mais baixas à frente. Depois temos que colocar os andamentos consoante o percuso, se tem subidas, se os ciclistas vão levar 58, 56".

Para quem não esteja muito familiarizado com o que acabou dizer, o que é afinal levar 58 ou 56? "Estamos a falar dos pratos à frente, na nossa equipa temos desde o 52 até ao 68", explica-nos Francisco Carvalho, detalhando mais as opções para os corredores da Lidl-Trek.

"Neste tipo de percurso em concretro, da Praça do Império à Praia da Torre, os nossos ciclistas vão levar 10/28 atrás, e à frente alguns levam 58 outros 64 e outros ainda 68".

Francisco Carvalho não esconde que o trabalho dos mecânicos é "por vezes ingrato", ao ponto de quando acontece algo durante a corrida com a bicicleta de um ciclista, o alvo parece identificado.

"Porque quando acontece alguma coisa a culpa é nossa. É sempre assim e temos de saber viver com isso, muitas vezes não somos culpados". 

"Digamos que até agora e durante estes anos não passei por uma situação ingrata...", diz-nos, para logo de seguida esclarecer a relação que estabelece com os ciclistas da equipa. "Eu também não dou confiança para entrarmos em conflito. Normalmente coloco uma barreira para eu não passar para o lado de lá, nem eles para o meu lado. Respeito mútuo pelo trabalho de cada um".

E há certamente ciclistas que são muito picuinhas com a sua bicicleta, certo?

"Sim, sem dúvida. Por exemplo com as medidas das bicicletas, milímetro abaixo, acima, atrás...sempre a modificar as medidas", revela.

Monetariamente compensa ser mecânico numa equipa do World Tour?  "Sim. Caso contrário não andava aqui. São muitos dias fora de casa, o dobro dos que os ciclistas passam, nós chegamos a estar 170 a 180 dias fora de casa", diz-nos Francisco Carvalho.

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