Francisco Neto: «Não andamos a vender sonhos às nossas jogadoras»

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A seleção portuguesa feminina perdeu (0-1) na receção à França e foi despromovida à Divisão B da Liga das Nações, isto num jogo em que hou um golo mal invalidado a Telma Encarnação. No final, Francisco Neto não escondeu a frustração e recusou alongar-se sobre a arbitragem.

"Acima de tudo, frustrado. Pelo que fizemos, nem o empate merecíamos, quanto mais sair daqui com a derrota. Por aquilo que fizemos na Liga das Nações, que teve momentos muito bons e outros menos bons, criámos e conseguimos competir ao mais alto nível e merecíamos ficar na Liga A. A verdade é que não aconteceu e essa é a maior frustração. A situação do jogo é fácil de analisar. Não adianta falar sobre ele. Não é hábito falar de arbitragem, porque senão tinha de falar sobre outros jogos. Ao final do dia, tenho de concordar com a Tatiana, quando falamos que as competições no feminino deviam ter o VAR. Dou o exemplo da Liga BPI, que não é profissional, todos os jogos têm VAR. Numa liga amadora, nós já disponibilizamos VAR e faz todo o sentido numa competição internacional haver", disse o selecionador nacional, sublinhando que são estes contextos competitivos que fazem crescer a equipa.

"A nossa capacidade de competir com as melhores equipas do mundo olhos nos olhos. Em todos os jogos, tivemos muitos momentos em que estivemos por cima dos nossos adversários, tirando o último jogo com a Noruega, o nosso jogo menos conseguido. O lado negativo é não sermos consistentes e o número de oportunidades que não concretizámos. Não fomos competentes para concretizar o que criámos. É olhar para a tabela e perceber que quem fica em segundo lugar é uma Áustria que foi inferior a Portugal. Não tivemos medo de ninguém e agora é refletir, e, mais do que regressar mais fortes, é regressar mais preparados."

Por fim, Francisco Neto elencou o que considera ser as bases para o futuro da seleção portuguesa. "Entraremos no apuramento para o Europeu'2025, mas a grande ilação é a forma competitiva. A nossa ideia de jogo tem que crescer de forma a que nos consigamos consolidar nestas divisões. Temos de ter um jogo dominante, uma ideia de jogo que potencie as nossas jogadoras dentro daquilo que é o coletivo. Que as novas jogadoras, apoiadas naquelas com mais experiência, consigam crescer dentro deste contexto. As coisas têm de ser de forma natural e orgânica. Enquanto sentirmos que têm competência, vão cá andar. Mas estamos atentos à importância de acrescentar novos valores. Mais do que a renovação, é trazer ideias novas à ideia de jogo. É trazer irreverência. É um sentimento agridoce. Chegámos a setembro cheios de ilusões e a acreditar. Essa é a frustração. Não senti que nenhuma equipa fosse muito superior a Portugal. Quando, na altura, traçámos o objetivo, era um objetivo real. Não andamos a vender sonhos às nossas jogadoras. Elas é que os determinam. Sai esta frustração. Depois de meio ano tão brilhante, ter estes resultados não tão bons, facilmente as coisas tornam-se mais criticáveis", afirmou, destacando depois o desenvolvimento da equipa.

"Houve uma evolução muito grande na nossa mentalidade de jogar contra as grandes equipas. Não há impossíveis e cada vez menos há medos quando vamos jogar contra estas equipas. O ADN, o comportamento com que encaramos os adversários vai ser neste registo. E isso é muito bom, porque é mais fácil passar a mensagem. A grande ideia do ano é o grande crescimento daquilo que foi a nossa mentalidade a jogar contra as melhores do mundo."

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