G20 no Brasil para debater o combate às desigualdades

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Entre países desenvolvidos e economias emergentes, o diálogo nem sempre é o mais eficaz, mas o Brasil, país anfitrião, está convencido que a sua influência pode mudar o rumo seguido até aqui.

O ministro da Economia da Itália, Giancarlo Giorgetti, abriu esta quarta-feira a reunião do G7 no âmbito do G20 das Finanças em São Paulo, acompanhado do governador do Banco Central do país europeu, Fabio Panetta. O comissário de Economia da União Europeia, Paolo Gentiloni, também está presente na capital paulista, enquanto o ministro das Finanças da Ucrânia, Serhiy Marchenko, participa por videoconferência, refere a comunicação social brasileira.

A reunião de ministros do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da UE), grupo presidido pela Itália em 2024, discute o andamento da economia e questões de geopolítica, com foco na invasão russa à Ucrânia.

De âmbito mais alargado, o combate às desigualdades é o tema principal do G20 financeiro, reunião de ministros da Finanças e presidentes de bancos centrais que representam mais de 80% do PIB mundial, mais de 50% do comércio internacional e cerca de dois terços da população do mundo.

O auditório do Ibirapuera, em São Paulo, será o palco do encontro, onde se espera que haja debate e algumas conclusões para diminuir a desigualdade que pode ser induzida pelas políticas económicas globais. Com as políticas para tratar da desigualdade global a ter uma duvidosa eficácia, o debate em sede do G20 assume um destaque merecido – e vai colocar em evidência, dizem os observadores, as diferenças de entendimento entre o mundo rico e o mundo emergente.

Estas divergências têm ficado manifestas quer em termos de políticas específicas, quer de entendimento das prioridades. Os países ricos tendem a impor sobre as economias emergentes a sua visão macro – que em diversas circunstâncias não constituem o ‘road map’ de desenvolvimento que os emergentes precisam.

Na presidência do grupo este ano, o Brasil apontou como prioridades o combate à fome, à pobreza e às desigualdades. A embaixadora Tatiana Rosito, coordenadora de Finanças do G20 e secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, referiu, citada pela imprensa brasileira, que o objetivo do encontro é colocar a desigualdade no centro da política económica.

“As desigualdades se encontram no mesmo nível que no início do século XX, com concentração de renda e riqueza para a própria economia. A gente espera que os ministros tenham uma discussão bastante franca que leve em conta o papel da desigualdade, o diferente peso que os países dão na elaboração das suas políticas”, disse Rosito.

Também na agenda, estão os riscos económicos, incluindo as mudanças climáticas, a inflação – e o seu combate – a tributação dos super-ricos (as chamadas leis Robin Hood, que tendem a não sair do capítulo das intensões) e as tensões no Oriente Médio. O Brasil quer também ampliar a influência de países emergentes em entidades de governança global, como o Banco Mundial e o FMI.

Assegurando a gestão de topo do chamado grupo dos BRICS (por via da presidência da ex-presidente Dilma Rousseff), o Brasil está numa posição delicada, tentando não ‘atropelar’ a influência do G20 no quadro do aumento da influência dos BRICS. Para os analistas, a ‘delicadeza’ do processo decorre do facto de o Brasil estar a tentar uma posição mais confortável em termos de influência dos organismos onde pontifica. Mas a verdade é que o alargamento dos BRICS a novos países e o controlo que a China cada vez mais faz incidir sobre o grupo não são boas notícias para as aspirações de executivo liderado por Inácio Lula da Silva.

Este ano marca a chegada da União Africana como novo membro do G20 e, pela primeira vez houve uma reunião informal, na terça-feira, entre as economias emergentes e em desenvolvimento no G20 financeiro. “Foi a primeira vez que isso ocorreu no grupo de Finanças. Achamos que pode ser muito frutífero para nós trocar ideias às margens do G20”, disse a embaixadora brasileira.

Na tarde de quinta-feira, será apresentado um comunicado conjunto do bloco de países, negociado ao longo de todo o encontro. Representantes e secretários dos ministros de Finanças e dos presidentes de bancos centrais fizeram um encontro preparatório, que deu início às negociações.

“Concluímos a negociação de toda a parte económica do comunicado que vai ser passada aos ministros, para sua adoção amanhã [quinta-feira]. As prioridades brasileiras seguem não só sendo bem recebidas mas caminhando alguns graus para sua implementação, com planos de trabalho concretos”, afirmou Tatiana Rosito.

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