Gás tornou Moçambique “ator relevante” no mercado internacional de energia

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“Já conseguimos exportar o gás da bacia do Rovuma para ser transformado em riqueza. O gás do Rovuma, nos próximos anos, pode contribuir para a economia do país. Ainda está em pequena escala, mas pode”, disse ainda Nyusi, ao apresentar pela última vez o balanço anual – habitualmente feito no final do ano – face à realização de eleições gerais em 09 de outubro, às quais não concorre.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou hoje, no parlamento, que o país já é um “ator relevante” no mercado internacional de energia, tendo exportado desde novembro de 2022 mais de 60 carregamentos de Gás Natural Liquefeito (GNL).

“A renda de gás para Moçambique tornou-se uma realidade”, disse o chefe de Estado, ao apresentar, ao longo de mais de três horas e meia, a informação anual sobre a Situação Geral da Nação, na Assembleia da República, em Maputo.

“Já conseguimos exportar o gás da bacia do Rovuma para ser transformado em riqueza. O gás do Rovuma, nos próximos anos, pode contribuir para a economia do país. Ainda está em pequena escala, mas pode”, disse ainda Nyusi, ao apresentar pela última vez o balanço anual – habitualmente feito no final do ano – face à realização de eleições gerais em 09 de outubro, às quais não concorre.

O Presidente moçambicano, no cargo desde 2015, assumiu que o gás natural, e as receitas com a sua exportação, representa um “capítulo transformador” da “história económica” de Moçambique, mas enquadrado numa “estratégia de longo prazo”.

“Não é hoje para hoje”, avisou.

Destacou igualmente que as receitas com a exportação de GNL devem ser utilizadas como “motor de desenvolvimento” do país, dando como exemplo a operacionalização do Fundo Soberano de Moçambique, desde abril, alimentado com esses recursos.

Ao fazer o balanço do último mandato de cinco anos, Nyusi apontou como o “marco mais significativo” o início da produção e comercialização de GNL a partir da Área 4 – o único dos três projetos aprovados já em fase de produção – pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma ‘joint venture’ em copropriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão, com previsão para duplicar a capacidade nos próximos anos, com uma segunda plataforma flutuante.

“Desde novembro de 2022 até junho 2024 foram realizados 63 carregamentos, correspondente a 4,48 milhões de toneladas de GNL. Este feito simboliza a concretização de um sonho de décadas e posiciona Moçambique como ator relevante no mercado global de energia”, afirmou, embora reforçando a necessidade de criar “valor local”.

“O que nós estamos a acautelar aqui é que alguma coisa tem que ficar, cá dentro. E ficar para os moçambicanos”, disse.

Moçambique tem as terceiras maiores reservas de gás natural em África e conta atualmente com três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, o maior destes projetos, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.

O presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, reconheceu em maio “progressos positivos” para a retoma deste projeto, avaliado em 20 mil milhões de dólares (18,3 mil milhões de euros), mas sem se comprometer com prazos.

Já em 25 de julho, na apresentação dos resultados da petrolífera, Pouyanné afirmou que “está tudo acertado com os empreiteiros” para a retoma da construção, decorrendo negociações com os financiadores e reconhecendo o “progresso” na situação de segurança.

“Como também sabem, em breve haverá algumas eleições presidenciais [09 de outubro] em Moçambique. E é claro que, para nós, é importante ter a confirmação de que o novo Presidente seguirá a mesma política em relação a estes grandes projetos. É neste ponto que estamos. Por isso, diria que, até ao final do ano devemos esclarecer como poderemos avançar”, afirmou Pouyanné.

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