Gift Orban: «Se fores pobre em França, o Estado ajuda-te... em África morres à fome»

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Reforço de janeiro do Olympique Lyon, Gift Orban é conhecedor da difícil realidade vivida por muitas pessoas em África. Em declarações dirigidas ao L'Équipe, o ponta de lança nigeriano comparou as dificuldades vividas pelos menos favorecidos, na Europa e em África, enaltecendo que saiu de África graças ao seu talento para marcar golos.

«Antes de vir para a Noruega, a minha vida era muito complicada. Foi difícil e não quero falar sobre isso. Se fores pobre em França, o Estado pode ajudar-te, as associações podem tomar conta de ti. Em África, ninguém te dá nada e morres à fome», começou por dizer.

«No sítio onde cresci, se vieres de uma família sem recursos, a vida é impossível. É isso que me dá determinação, não quero voltar a passar por isso. Era preciso arranjar coisas para comer todos os dias. Há pobres na Europa e pobres em África. Não dá para comparar, nunca será a mesma coisa. É preciso ter vivido como eu vivi. Dorme-se em sítios... É demasiado duro. Depois levantamo-nos de manhã e não encontramos nada para comer», contextualizou, antes de contar a sua escalada até ao futebol europeu.

«Quando era criança, a minha única preocupação era colocar a bola na baliza, mesmo quando estava ainda no meio-campo. Era capaz de rematar de longa distância, se visse o guarda-redes fora de posição. Se me dissessem para executar dez passes antes de marcar, preferia marcar diretamente. O mais importante era fazer golo e eu tenho isso no sangue. Os golos salvaram e mudaram-me a vida», prosseguiu.

«Quando cheguei à Noruega [Stabaek], foi difícil para mim... até regressei à Nigéria por um tempo e depois deram-me um contrato de três meses. Foi a minha oportunidade: marquei dois golos em dois jogos seguidos. Tive de organizar o meu jogo. Quando me tornei profissional, percebi que existiam altos e baixos. Não podemos vencer sempre. Foi difícil, mas tive de seguir em frente», concluiu Orban.