Glaciares dos Andes derretem a um ritmo preocupante e atingem nível mais baixo dos últimos 11.700 anos

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Uma equipa internacional de cientistas, liderada por investigadores do norte-americano Boston College, concluiu que os glaciares dos Andes estão a derreter mais rapidamente do que o esperado. Com o aquecimento global, era expectável que o gelo dos glaciares começasse a derreter, mas não no ritmo que está a ser registado atualmente.

Os investigadores, que analisaram amostras de rochas adjacentes a quatro glaciares na região dos Andes, alertam que o retrocesso dos glaciares está a acontecer a um ritmo preocupante. “Temos evidências muito fortes de que estes glaciares são agora mais pequenos do que em qualquer momento nos últimos 11 mil anos”, detalha Jeremy Shakun, investigador da área das Ciências da Terra e do Ambiente no Boston College, citado em comunicado à imprensa.

O ritmo acelerado faz com que estes glaciares deixem de ser considerados como sendo do período do Holoceno, altura em que se assistiu ao surgimento da civilização e onde o fluxo das águas e mares ditava onde se formavam as cidades e onde se estabeleciam as atividades comerciais e agrícolas, realça o estudo publicado na revista científica Science.

O degelo dos glaciares é uma realidade presente no último século, mas os cientistas ainda não conseguiram determinar a magnitude do fenómeno. Para este estudo, os investigadores procuraram medir a concentração de dois isótopos (Berílio-10 e Carbono-14) que surgem quando os leitos de rocha são expostos a radiação cósmica proveniente do Espaço.

“Ao medirmos a concentração destes isótopos no leito recentemente exposto, podemos determinar quanto tempo é que esteve exposto no passado”, explica Shakun. Este parâmetro indica “quantas vezes é que os glaciares foram mais pequenos do que atualmente – é quase como um escaldão na pele nos pode dizes quanto tempo é que uma pessoa esteve exposta ao Sol”, indica o investigador.

Andrew Gorin, investigador do Boston College que também liderou o estudo, conta que não foram encontrados vestígios destes isótopos, o que indicia que “não houve qualquer exposição significativa prévia a radiação cósmica desde que estes glaciares se formaram durante a última idade do gelo”. O mesmo método está a ser aplicado em vários glaciares da Cordilheira Americana – do Alasca à Terra do Fogo – e espera-se que os próximos estudos, que deverão fornecer uma perspetiva global do degelo, sejam publicados em breve.

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