Goldman Sachs: Vitória de Donald Trump retira competitividade à zona euro

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O regresso da guerra comercial e a necessidade provável de aumento dos fluxos para a Ucrânia serão os primeiros dados de uma eventual vitória do candidato republicano.

Republican presidential candidate and former U.S. President Donald Trump gestures during a campaign rally on March 2 in Richmond, Virginia, U.S. March 2, 2024. REUTERS/Jay Paul

Com a probabilidade de um segundo mandato do republicano  Donald Trump a aumentar, as potenciais repercussões para a economia da zona euro, segundo novo research da Goldman Sachs, são de “uma renovada guerra comercial e pressões de segurança”. Trump prometeu impor uma tarifa generalizada de 10% sobre todos os produtos que entrem nos Estados Unidos, “(inclusive da Europa), o que provavelmente levaria a um aumento acentuado da incerteza da política comercial, como aconteceu em 2018-19”.

Usando “dados mensais desde 1987”, o banco norte-americano mostra que uma maior incerteza na política comercial “tende a ter efeitos grandes persistentemente negativos sobre a atividade da zona euro, enquanto as repercussões dos aumentos tarifários reais são mais discretas e mais difíceis de identificar”. Embora a incerteza da política comercial geralmente reduza a inflação, “descobrimos que tarifas mais altas tendem a ser inflacionistas, embora os efeitos sejam pequenos”.

Por outro lado, “o aumento da incerteza da política comercial reduziu a produção industrial da zona euro. Os nossos resultados implicam um impacto no PIB da zona euro de cerca de 1%, semelhante ao trabalho recente da nossa equipa de Economia Global”.

“Estimamos que os efeitos negativos da incerteza no comércio global é maior na Alemanha que em qualquer outro país da Zona Euro, refletindo a sua maior abertura e dependência da atividade industrial”.

Em segundo lugar, “a reeleição de Trump provavelmente implica uma pressão sobre a defesa e segurança para a Europa. Cumprir o requisito da NATO de gastar 2% do PIB em defesa e compensar a redução do apoio militar dos EUA à Ucrânia pode custar à UE um adicional de 0,5% do PIB por ano. Qualquer impulso de crescimento resultante, no entanto, provavelmente seria limitado por modestos multiplicadores de gastos militares na Europa, pressão ascendente sobre os rendimentos de longo prazo devido a défices mais elevados e efeitos na confiança decorrentes do elevado risco geopolítico”.

Em terceiro lugar, novos cortes de impostos e desregulamentação sob administração Trump “poderiam repercutir-se na Europa através de uma procura mais forte dos EUA e de mudanças nas condições financeiras. Estimamos que o alívio fiscal sob uma influência republicana poderá aumentar a atividade na zona euro em cerca de 0,1%. As repercussões financeiras líquidas, no entanto, seriam provavelmente pequenas, uma vez que o efeito das taxas de longo prazo mais elevadas será compensado por um euro mais fraco”.

“No seu conjunto, as nossas estimativas sugerem que a agenda política de Trump reduziria o PIB da zona euro em cerca de 1% e aumentaria a inflação em 0,1 pp. Dado um maior (e mais persistente) na atividade que na inflação, esperaríamos o reforço dos argumentos a favor da continuação dos cortes nas taxas do BCE em 2025, entre os 30 e os 40 pontos base”, conclui a Goldman Sachs.

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