Gordon Black. Quem é o militar americano detido na Rússia e o que se sabe

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Nos últimos dias, foi conhecida a detenção de mais um cidadão norte-americano na Rússia, desta vez, um soldado que terá viajado para o país para visitar a namorada. Gordon Black, como foi identificado, foi detido a 2 de maio, em Vladivostoque, no Extremo Oriente da Rússia, acusado de ter roubado esta mulher com quem teria uma relação amorosa. O que se sabe sobre o caso e sobre o militar?

O Pentágono informou que Black, de 35 anos, alistou-se no Exército dos EUA como soldado de infantaria em 2008. Recentemente, foi destacado para o Oitavo Exército, em Camp Humphreys, na Coreia do Sul.

A 10 de abril, assinou a sua saída do Oitavo Exército com uma mudança permanente de posto para regressar a Fort Cavazos, no Texas. Contudo, em vez de regressar aos Estados Unidos, voou da Coreia do Sul para a China e depois para a Rússia "por razões pessoais", acabando detido em Vladivostoque. 

A secção local do Ministério do Interior da Rússia informou que Black foi detido num hotel da cidade depois de uma mulher de 32 anos ter apresentado queixa à polícia por roubo na sequência de uma discussão na casa dela. 

"Depois de ele se ter ido embora, a rapariga descobriu que lhe faltava dinheiro e pediu ajuda à polícia (...) Os agentes da polícia encontraram o suspeito num dos hotéis da cidade. Ele tinha comprado bilhetes de avião e tencionava regressar a casa", informou, segundo cita a Reuters. 

O jornal russo Izvestia citou uma fonte não identificada dizendo que o militar tinha espancado a mulher e roubado 200.000 rublos russos, mais de dois mil euros. 

A mulher russa tinha tido uma relação com Black depois de se terem conhecido na Coreia do Sul, segundo o Ministério. Quando regressou a Vladivostoque, ambos mantiveram contacto online.

Já a Radio Free Europe disse ter encontrado uma conta no TikTok da companheira de Black, Aleksandra Vashchuk, que publicou numerosos vídeos do casal na Coreia do Sul, incluindo pelo menos um que mostra Black com o seu uniforme do exército dos EUA. Nas centenas de vídeos publicados, a mulher refere-se várias vezes a Black como o seu "marido". 

A mãe de Black deu uma entrevista ao programa 'Good Morning America' da ABC e criticou a namorada do filho. Melody Jones explicou que o filho conheceu a namorada numa discoteca na Coreia do Sul há mais de um ano. A mulher referiu que o filho lhe disse que a namorada foi deportada da Coreia do Sul para a Rússia, depois de ela e Black terem alegadamente entrado em conflito no outono de 2023.

Melody Jones confirmou que o filho estava a visitar a namorada na altura da sua detenção. "Disse-lhe que me sentia muito desconfortáve [com a viagem]",afirmou. "Tive um mau pressentimento em relação à sua ida, mas ele foi na mesma", contou.

O Pentágono confirmou que Black não só violou as regras do Exército ao viajar para a Rússia sem autorização, como o fez depois de passar pela China.

A Administração norte-americana afirmou estar "a acompanhar" a situação do soldado, que vai ficar detido até 02 de julho, segundo anunciou o tribunal de Vladivostoque, responsável pelo caso.

Nos últimos anos, vários cidadãos norte-americanos foram detidos e condenados a longas penas de prisão na Rússia.

Washington, que apoia militar e financeiramente a Ucrânia contra o Exército russo acusa Moscovo de querer trocar os prisioneiros norte-americanos por cidadão russos detidos nos Estados Unidos.

Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal e antigo correspondente da Agência France Presse em Moscovo, foi detido pelos serviços de segurança russos (FSB) durante uma reportagem nos Urais, em março de 2023.

O jornalista, cidadão norte-americano, é acusado de espionagem e pode ser sentenciado a 20 anos de cadeia. 

Uma pena tão severa nunca foi aplicada a um jornalista estrangeiro desde o fim da União Soviética, no início dos anos 1990.

O jornalista rejeita as acusações, tal como as autoridades dos Estados Unidos e o jornal para onde trabalha.

A Rússia nunca fundamentou as acusações nem apresentou publicamente provas sobre este caso.

Todo o processo foi classificado como secreto.

A jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva, que trabalha para a Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), está detida desde outubro de 2023 por não se ter registado formalmente no país, tal como é exigido pelas autoridades russas.

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