Javier Milei deu início a um grande programa de austeridade, com cortes na despesa pública, incluindo em projetos de infraestrutura e em subsídios.
O novo presidente argentino deu arranque ao seu projeto “económico de terapia de choque”, conforme prometido. O Governo argentino anunciou uma desvalorização de mais de 50% do peso face ao dólar norte-americano.
Ao mesmo tempo, anunciou cortes profundas à despesa pública, incluindo a redução nos subsídios de transporte e combustíveis e o congelamento dos gastos do governo em grandes contratos e publicidade.
“Vamos estar em situação pior durante alguns meses do que antes, particularmente em termos de inflação. E eu digo isto porque, como disse o presidente, é melhor contar uma verdade desconfortável do que uma mentira confortável”, disse o ministro da Economia Luis Caputo num discurso televisivo citado pela “BBC”.
Um dos problemas da Argentina é a inflação galopante, acima de 140%, mas há mais: falta de reservas estrangeiras, dívida governamental elevada, 40% a viver abaixo da linha de pobreza.
A taxa de câmbio vai cair de 800 pesos por dólar para 391 pesos. O país tem mantido a sua moeda mais forte artificialmente desde 2019 impondo um grande controlo sobre o peso.
Um dos maiores credores é o Fundo Monetário Internacional (FMI) a quem Buenos Aires deve 44 mil milhões de dólares.
O Fundo já deu as boas vindas às medidas, considerando que é “um passo importante para restaurar a estabilidade e reconstruir o potencial económico do país”, segundo a presidente do FMI, Kristalina Georgieva.
Resta saber se a sua coligação, que é apenas o terceiro maior bloco, vai conseguir aprovar os cortes na despesa pública no Congresso.
Javier Milei já eliminou nove ministérios que vão reduzir em 34% os empregos públicos do país.
O Governo também anunciou cortes nos projetos de infraestruturas: “A realidade é que não há dinheiro para pagar os projetos públicos que, como todos os argentinos sabem, muitas vezes acaba nos bolsos de políticos ou de empresários”, segundo Luis Caputo.