Governo catalão defende atuação da polícia com Puigdemont mas abre inquérito

1 mes atrás 41

"Não prevíamos um comportamento tão impróprio de uma pessoa que foi a máxima autoridade do país [a Catalunha]", afirmou o conselheiro de Administração Interna do governo regional catalão (cargo equivalente ao de um ministro num governo nacional).

Joan Ignasi Elena referia-se à fuga de Puigdemont, alvo de um mandado de detenção, depois de ter feito um comício breve em Barcelona, nas imediações do parlamento da região, perante milhares de pessoas.

A passagem de Puigdemont por Barcelona coincidiu com o debate parlamentar de investidura do socialista Salvador Illa como presidente do governo regional, mas apesar do dispositivo policial presente no local, com o edifício do parlamento blindado pelas forças de segurança, o dirigente separatista conseguiu estar no comício e depois fugir de novo, escapando à detenção.

Joan Ignasi Elena, conselheiro do governo regional catalão cessante, assegurou hoje, numa conferência de imprensa em Barcelona, que o dispositivo policial era dimensionado para o que estava previsto e o que se esperava na cidade na quinta-feira, mas será aberta uma investigação para retirar conclusões e averiguar se houve falhas.

O conselheiro acusou também o partido de Puigdemont, o Juntos pela Catalunha (JxCat), de ter montado um plano para "dinamitar" a sessão parlamentar de investidura de um presidente regional.

Também o comissário-chefe dos Mossos d`Esquadra acusou hoje Carles Puigdemont de deslealdade com a polícia da Catalunha ao tentar usar a sua eventual detenção para desestabilizar a investidura do socialista Salvador Illa.

O comissário-chefe Eduard Sallent admitiu, em conferência de imprensa, que na quinta-feira não conseguiram prender Puigdemont "por mais que tentassem" e denunciou uma "verdadeira campanha de desinformação" por parte da comitiva do ex-presidente do Governo catalão sobre o seu regresso a Espanha.

De acordo com o responsável da polícia, os Mossos d`Esquadra acreditaram no que Puigdemont estava a anunciar há dias sobre as suas intenções de assistir à sessão parlamentar de investidura do novo presidente da Catalunha.

"É alguém que foi presidente da Generalitat, não é um Jodorovich ou uma pessoa que se dedica ao crime organizado", disse.

Sallent, que insistiu em negar qualquer tipo de negociação com Puigdemont e a sua comitiva para aceitar a sua detenção, também condenou os dois elementos dos Mossos que foram detidos por terem ajudado o líder independentista a regressar a Barcelona e a fugir novamente, o que considerou "repreensível, inaceitável e uma afronta" àquele corpo de polícia.

"Não merecem vestir o nosso uniforme", disse, assegurando que os Mossos d`Esquadra não aceitam ser uma "polícia patriótica".

Salent disse ainda que os Mossos d`Esquadra continuam à procura de Puigdemont, porque não acreditam na "desinformação" das pessoas que o rodeiam e que afirmam que já está fora de Espanha.

Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional.

Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público em Barcelona sem ser detido.

Depois de, a partir de um palco, se ter dirigido à multidão concentrada numa praça do centro da cidade, o dirigente separatista desapareceu, desconhecendo-se o seu paradeiro.

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira.

A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.

Os Mossos d`Esquadra acionaram depois a "operação Jaula", um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.

Na quinta-feira, e perante as críticas, os Mossos já tinham divulgado um comunicado em que garantiram que tentaram deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona mas não conseguiram porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.

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