Governo francês quer dissolver associação próxima da extrema-direita GUD

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O ministro da Administração Interna, Gérald Darmanin, anunciou que iria "propor ao Presidente da República", Emmanuel Macron, a dissolução do GUD (Grupo União Defesa), muito ativo nos anos 1970 e recentemente reativado.

Segundo a mesma fonte, "trata-se de um grupo que é muito amigo de muitas pessoas da União Nacional [RN, na sigla francesa]", o principal partido de extrema-direita de França e que venceu as eleições europeias no país no passado dia 09.

"São pessoas que pensam que existe supremacia branca, que fazem comentários anti-semitas extremamente graves", acrescentou o ministro, na BFMTV, informando estar a trabalhar nesta questão há "nove meses".

Daemanin garantiu não ter esperado pelas eleições legislativas, convocadas por Macron depois de conhecida a vitória da RN a 09 de junho e que decorrem a 30 de junho e 07 de julho.

Fonte próxima do processo, citada pela agência AFP, referiu que o decreto de dissolução não será apresentado hoje ao Conselho de Ministros e o processo de contraditório foi iniciado.

O presidente da RN e candidato ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, afirmou, por seu lado, que dissolveria "todas as organizações de ultra-esquerda e de ultra-direita" se chegasse ao poder, incluindo o GUD.

"Se amanhã estiver à frente do país, não terei qualquer tolerância para com aqueles que se dedicam à violência no nosso país", declarou.

O GUD é uma associação de estudantes fundada em 1968 na universidade parisiense de Assas e reconhecível pelo seu emblema do rato preto belicoso e pelas suas bandeiras negras marcadas com a cruz celta.

Inativa desde 2017, a associação anunciou o seu regresso no final de 2022.

Na semana passada, quatro ativistas de extrema-direita foram condenados por terem participado num ataque homofóbico em Paris, enquanto "celebravam" a vitória do RN nas eleições europeias.

Foram identificadas ligações de pelo menos dois destes elementos ao GUD.

Nos últimos meses, o Governo francês dissolveu vários grupos de extrema-direita, tendo recentemente a associação La Citadelle, com sede em Lille, sido proibida de organizar uma noite intitulada "Qu'ils retournent en Afrique" ('Que regressem a África').

No início de maio, o ministério da Administração Interna ordenou também a dissolução do grupo Les Remparts, em Lyon, bem como de duas associações que gerem um bar e um pavilhão desportivo frequentados pelos seus militantes.

O partido da extrema-direita ganhou as eleições europeias de 09 de junho, com 31,37%, seguindo-se a coligação do partido de Macron, com 14,60%, e a coligação dos socialistas 13,83%.

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