Governo francês vai reunir-se com agricultores em "desespero"

7 meses atrás 76

"A partir de hoje e durante toda a semana, e enquanto for necessário, serão realizadas algumas ações", disse o presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores, na sigla em francês), Arnaud Rousseau, após vários bloqueios no sudoeste do país, sendo secundado pelo homólogo da União dos Jovens Agricultores, Arnaud Gaillot: "Se o Governo não estiver à altura da situação, podemos estar à beira de um grande movimento agrícola".

A reunião entre o primeiro-ministro, que enfrenta a sua primeira crise desde a sua nomeação em 11 de janeiro, e as organizações sindicais estava marcada para hoje de tarde, mas há mais entidades a exigirem ser ouvidas por Gabriel Attal, como a Coordination Rurale ou a Confédération Paysanne.

A FNSEA, o maior sindicato agrícola, conseguiu algumas soluções de compromisso com o Governo nos últimos anos, como as taxas sobre a água e os pesticidas, mas a maioria dos agricultores continua a queixar-se de que são sobrecarregados pelas normas e de que não ganham o suficiente para viver.

Entre as muitas reivindicações ouvidas no terreno contam-se a simplificação administrativa, o fim de novas proibições de pesticidas, o fim do aumento do preço do gasóleo para os tratores, uma indemnização mais rápida após as catástrofes e a aplicação integral da lei que supostamente obriga os industriais e os supermercados a pagar mais aos agricultores.

Desde quinta-feira à noite, várias dezenas de agricultores bloqueiam um troço da autoestrada A64, no sudoeste de França.

"O nosso objetivo é fazer com que o Governo se curve", disse Jean-Philippe Gibert, responsável dos Jovens Agricultores num departamento do sudoeste francês. "Estamos a morrer como cães à beira da estrada e nos nossos campos. Estamos fartos".

Na segunda-feira, os agricultores bloquearam igualmente o acesso à central nuclear de Golfech, na mesma região, e dezenas de manifestantes ocuparam as faixas de rodagem da autoestrada A9 (sul).

Entretanto, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, adiantou que "não está prevista, nesta fase, qualquer evacuação dos bloqueios pelas autoridades, porque não se registaram danos".

Em dezembro, a ex-primeira-ministra Elisabeth Borne anunciou o abandono do aumento dos impostos sobre os pesticidas e a irrigação, para irritação das organizações ambientalistas e dos intervenientes no setor da água.

Na segunda-feira, o ministro da Agricultura, Marc Fesneau, disse que queria acelerar a construção de reservas, descritas como "megabacias" pelos seus críticos ambientalistas.

O Governo teme o crescimento do descontentamento, num momento em que os agricultores dos Países Baixos, da Roménia, da Alemanha ou do Reino Unido estão a intensificar as suas ações contra o aumento dos impostos e o Pacto Ecológico Europeu. O pano de fundo é a inflação e a concorrência das importações ucranianas.

Em Bruxelas, está agendada uma reunião dos ministros europeus da agricultura para o início desta semana.

Leia Também: Menino abandonado em França nunca faltou à escola nem fala mal da mãe

Todas as Notícias. Ao Minuto.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online.
Descarregue a nossa App gratuita.

Apple Store Download Google Play Download

Ler artigo completo