Grego jogou no Pinhalnovense e brilha na Europa: «É um jogador top»

Theofanis Bakoulas. Jovem, médio, internacional sub-19 pela Grécia, um dos destaques da Youth League conquistada pelo Olympiacos, obreiro de um dos melhores golos da prova e... ex-jogador do Pinhalnovense. Sim, leu bem, caro leitor. 

Antes de espalhar magia na Europa, Bakoulas teve uma passagem breve por Portugal. Primeiro, Alcochete, depois, Pinhal Novo.

Aos 15 anos, o médio defensivo teve uma primeira experiência no Sporting - esteve cerca de cinco meses em Alcochete -, contudo, não foi inscrito pelo clube leonino e seguiu para Pinhalnovense. Resultado de um processo burocrático complicado, o jovem grego tardou em ser inscrito, mas em janeiro - sensivelmente meio ano depois - conseguiu, finalmente, jogar futebol de competição.

Paciência, resiliência e sapiência. Bakoulas, para além «trabalhador», é descrito como «cumpridor» e «muito inteligente». Quem o diz é Manuel Gomes, atual treinador dos sub-17 do Pinhalnovense e técnico do jovem grego na época 2019/2020. Em conversa com o nosso portal, o treinador de 51 anos aborda o percurso de Theo e recorda as características que o fazem um «jogador top».

«Estar só a treinar sem poder jogar é doloroso»

«Ele aparece em Pinhal Novo depois de treinar no Sporting, mas entretanto surgiu uma situação burocrática. Os pais - assim como ele - eram gregos e ele veio para cá [Pinhal Novo] porque lá não o inscreveram. Não sei a razão em concreto», começou por introduzir ao zerozero.

«Quando veio para cá também tivemos dificuldades em inscrever o Bakoulas. O processo foi moroso porque tudo tem de ser traduzido para inglês, tem de ir à FIFA, e como era um atleta menor tem sempre mais burocracia envolvida», continuou.

Maio - dezembro: sete meses. Theofanis Bakoulas, até realizar o primeiro jogo oficial - segundo Manuel Gomes - teve uma adaptação boa, foi integrado com facilidade e «todos gostavam dele».

«Ele chega aqui em maio e só é inscrito em dezembro, portanto ele esteve cerca de sete meses só a treinar. Mas treinou muito bem. Ele é forte, muito motivado, um miúdo cinco estrelas, muito humilde e cumpridor. Em cima disso, é um atleta diferenciado dos demais, naturalmente», apontou destacando como comunicava com o jogador grego.

«Comunicávamos em inglês, e os colegas faziam o mesmo, apesar de arranhar no português. Mas o principal era o inglês. Esteve sempre bem integrado, todos gostavam dele. Nós compreendíamos a posição dele... para um miúdo estar só a treinar sem poder jogar é doloroso. Contudo, levávamos o Bakoulas para os jogos treinos e ele sempre correspondeu.»

Depois de vários meses a lidar com burocracias, o jovem grego conseguiu, finalmente, jogar futebol de competição. Em janeiro de 2020, joga 40 minutos diante do Desp. Beja - marca, inclusive, dois golos -, não obstante, surgem mais duas adversidades: uma pequena lesão - resolvida com facilidade - e uma pandemia.

«Foi inscrito em dezembro, joga por nós em janeiro, depois em fevereiro tem uma pequena lesão e, em março, rebenta a pandemia. Os pais, por causa disso, acabam por regressar à Grécia e ele vai para o Olympiacos. Agora, passado três anos, está no topo mundial», apontou o ex-técnico do médio, prosseguindo com muitos elogios para as qualidades do atleta. 

«Bakoulas vai explodir ainda mais»

— DAZN Portugal (@DAZNPortugal) April 22, 2024

«GOLAÇO! O que acaba de fazer Theofanis Bakoulas»

Desde o Pinhalnovense, o médio de 19 anos tornou-se internacional pelas camadas jovens da Grécia - atuou contra Portugal -, um dos principais protagonistas da conquista do Olympiacos e faturou, na final, um dos grandes momentos da história da competição. Um pontapé de bicicleta digno de emoldurar no Louvre.

A pergunta foi simples: surpreende o sucesso de Bakoulas? Manuel Gomes foi claro: «Não surpreende nada, porque ele é um jogador top.»

«Para quem o viu trabalhar aqui connosco sempre a dar tudo, não surpreende porque ele foi sempre muito diferente em relação aos outros. Tecnicamente muito evoluído, certinho no passe, decidia quase sempre bem. Aliás, 90 por cento das decisões que tomava eram corretas. Na decisão e na inteligência era muito bom.»

No último ano de formação - e já com 19 anos - Bakoulas prepara-se para o nível sénior. Questionado sobre se seria uma boa aquisição para os grandes clubes portugueses, o treinador de 51 anos referiu que o médio tem «muita margem de progressão» e destacou que «tem tudo» para chegar a esse patamar.

«Sim, seria. Ele tem muita margem de progressão e tem tudo o que um jogador de alto nível deve ter. O Bakoulas vai explodir ainda mais. Depois, claro, também é importante ter alguma sorte e não ter lesões», rematou.