Greve geral de jornalistas aprovada por unanimidade em congresso

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5.º CONGRESSO DOS JORNALISTAS

21 jan, 2024 - 17:23 • Ana Catarina André , Diogo Camilo

Esta é a segunda vez em democracia que jornalistas aprovam uma greve geral – a primeira tinha sido em 1982. Pedem que a paralisação seja convocada "em defesa da dignidade no jornalismo e da democracia".

Os jornalistas reunidos no Congresso dos Jornalistas aprovaram este domingo, por unanimidade, uma moção conjunta para mandatar o Sindicato dos Jornalistas a convocar um dia de greve geral.

Foram apresentadas três moções que visavam a convocatória de uma greve geral, tendo as propostas sido unificadas numa só. Não existe ainda acordo em relação à data para o dia de greve, que deverá ser definido pelo Sindicato dos Jornalistas, depois de consultados os delegados sindicais e as comissões de trabalhadores dos órgãos de comunicação social. A última greve geral de jornalistas foi realizada em 1982.

Em declarações à Renascença no final da votação das moções, o presidente da Comissão Organizadora, Pedro Coelho, explicou as razões de uma posição "radical".

"O que está em cima da mesa é o estado do jornalismo. O congresso termina quatro dias depois de ter começado e a conclusão a que os jornalistas chegaram é que o estado do jornalismo obriga a uma posição drástica, radical. Desde 1982 que não há uma greve geral no jornalismo e entendemos que este é um momento que justifica a ação mais drástica de todas, que é a greve geral", afirmou.

O responsável lembrou que a greve geral foi aprovada "por unanimidade e aclamação" e que o Congresso dos Jornalistas esteve "absolutamente sintonizado". "Saiu daqui uma coisa absolutamente efetiva, que marca o desespero, a angústia que esta classe está a sofrer."

"Temos a consciência de que fazer uma greve geral é uma jogada de alto risco. Sabemos que há uma grau de precariedade que pode não ser consentâneo com este sucesso, mas temos de olhar para dentro de nós próprios", acrescentou.

Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, diz que "este é o momento" para uma paralisação no setor.

"Há uma enorme precariedade no setor, os salários são cada vez mais baixos. Há, inclusivamente, episódios de agressões a jornalistas, salários em atraso. Este é o momento de dar um sinal e dizer à sociedade que esta democracia não vive sem jornalismo e que o jornalismo deve ser, coletivamente, defendido", afirmou.

Destacando que não existiu qualquer voto contra, Luís Filipe Simões refere que este é um "momento de emergência" e que é necessária mobilização pela profissão, mas também pela democracia. "E isso só acontece com um jornalismo livre e independente."

Na moção conjunta aprovada por unanimidade, os jornalistas pedem que seja convocado um dia de greve geral em solidariedade com a situação no grupo Global Media e "em defesa da dignidade no Jornalismo e da Democracia".

[notícia atualizada às 18h24]

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