Greve. Portuenses desesperam por um transporte até ao trabalho

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22 jul, 2024 - 14:57 • Jaime Dantas

Os passageiros reconhecem as reivindicações dos trabalhadores do setor dos transportes, mas lamentam que "os únicos prejudicados sejam os utentes".

Na manhã desta segunda-feira, um pouco por todo o país, a greve Comboios de Portugal (CP) tornou mais difícil a ida para o trabalho. No Porto, a situação agravou-se porque os trabalhadores dos autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) também estão em protesto por melhores salários.

A Renascença esteve na interface do Campo 24 de Agosto, perto do centro da cidade, onde registou a revolta da população, que viu subir para mais de uma hora o tempo de espera que, normalmente, costuma rondar os 15 minutos.

Muitos dos portuenses acabaram por optar pelo Metropolitano, algo impossível para quem vive em zonas periféricas da cidade. A única opção passava a ser apanhar um táxi, com custos acrescidos para o utilizadores. Este foi o caso de Salomé, que veio de Fânzeres e "pagou 7,5 euros para chegar [ao campo 24 de Agosto] porque não há as carreiras".

"Têm direito a fazer sim [a greve], mas são os fraquinhos que já pagaram os passes que sofrem as consequências. Vou ter que pagar mais 5 ou 10 euros para chegar à Cordoaria", reclama Salomé.

Mais sorte teve Susana Tavares, de 39 anos, que esperou apenas quatro minutos pelo seu transporte. Ainda assim, admite não saber "se eventualmente, terá que ir por outro meio quando tiver que ir para casa".


A situação era ainda pior na estação de Campanhã, onde foram suprimidos a maior parte dos comboios.

Na impossibilidade de optar por meios de transporte alternativos, vários utentes acabaram por se instalar na sala de espera. Um tempo que no caso de José Carvalho, de 65 anos, vai prolongar-se durante várias horas.

"Sou do Porto, vou para a Régua passar férias com a família. Fui à bilheteira e disseram-me que vou ter que esperar até às 16h45 para apanhar o comboio", disse, impaciente.

Maria Gouveia, que estava de saída para o Algarve, também viu o seu comboio ser suprimido e teve que "resolver o problema comprando um bilhete de autocarro".

A cliente da CP denunciou ainda a situação "constrangedora" que experienciou quando se dirigiu a uma bilheteira e uma funcionária lhe disse que "não tinha dinheiro que chegue para fazer o reembolso" da viagem.

Mas se para uns a greve surpreende, para outros já se tornou uma situação recorrente da qual "os únicos prejudicados são os utentes", lamenta Edite Pinto.

Utilizadora habitual dos comboios urbanos do Porto há 30 anos, Edite revela que "desde a pandemia os comboios estão sempre atrasados".

A greve da CP começou às 00h00 de segunda-feira e prolonga-se até às 24h00. Já no caso da STCP, a paralisação continua até às 2h00 de dia 23.

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