Guardas prisionais lamentam falta de investimento nas prisões portuguesas

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O Presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional lamenta o que diz ser a falta de investimento nas prisões portuguesas.

Na sequência da fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale de Judeus, Frederico Morais lembra que, para além das câmaras de videovigilância, continuam a faltar guardas prisionais.

"É importante dizer que as câmaras de videovigilância são eficazes na vigilância mas, se não tivermos uma equipa de reação... Não adianta de nada a câmara de videovigilância detetar o problema se não houver ninguém para ir lá. Não há ninguém para reagir. Não temos guardas. Não temos guardas prisionais em Portugal e isso é que é preocupante", refere.

"Este desinvestimento está a por em causa - e hoje ficou provado - a segurança da população", reitera Frederico Morais, que faz questão de lembrar que, entre os reclusos foragidos há "quatro dos piores reclusos".

"É triste. Deixamos fugir um recluso que ando anos e anos a ser o mais procurado da América do Sul. Apanhámo-lo em Portugal por sorte, em assaltos, e hoje, o sistema prisional português deixou-o ir embora, outra vez devido à falta de investimento", acrescenta.

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional diz, por isso, que a situação que se verificou este sábado é resultado da falta de recursos humanos. Frederico Morais acusa ainda que está em falta a abertura de um novo concurso já prometido pelo Governo.

"A senhora ministra da Justiça, quando se assinou o contrato do aumento do suplemento fixo, dia 10 de julho, disse-nos que tinha sido enviado para o ministério das Finanças a abertura [de concurso para a contratação] de 225 guardas. Neste momento, já perdemos dois meses, porque ainda não abriu [o concurso]. Já perdemos mais dois meses. Espero bem que, com esta situação, a senhora ministra, em vez de 225 guardas, abra para muitos mais. Precisamos de 1500 guardas para fazer face ao défice enorme que há no sistema prisional português. Mas precisamos também de valorizar a carreira, se não ninguém concorre", adianta.

Nestas declarações à Renascença, Frederico Morais explica ainda que a prisão de Vale dos Judeus tinha quatro torres de vigilância que foram demolidas devido à falta de recursos humanos, defendendo que, se tal não tivesse acontecido, a segurança estaria reforçada.

"Tinham quatro torres que faziam a vigilância 360 [graus]. O Governo, há cerca de meia dúzia de anos, decidiu eliminar as torres devido à falta de guardas. Desmantelaram as torres, mandaram as torres abaixo e investiram em câmaras de vigilância. Neste momento, a periferia das cadeias é controlada por câmaras. Por isso é que eles fizeram o que fizeram, saíram e fugiram, tiveram tempo. Se houvesse um homem numa torre, como antigamente, ninguém conseguia lá chegar. Nem ninguém chegava tão próximo nem eles conseguiam sair", assegura.

O jornal Expresso avançou que uma das câmaras de vigilância estaria desligada, no momento da fuga, algo que o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional diz que não é verdade. O problema, no entanto, terá sido outro: há apenas um guarda para vigiar as mais de 200 câmaras que vigiam o estabelecimento prisional.

"Todas as câmaras da periferia estavam ligadas. As câmaras que têm alguns problemas são internas. Agora, é humanamente impossível um guarda estar a olhar para mais de 200 câmaras, mini ecrãs espalhados por oito monitores", remata.

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