Harris e a Democracia Democrata

2 meses atrás 55

A renúncia de Joe Biden à candidatura à presidência norte-americana já era esperada há muito tempo. Biden já apresenta, há tempos, problemas de senilidade. Por motivos óbvios, no entanto, não poderia afirmar que não seria candidato à reeleição para evitar tornar-se um ‘pato manco’ desde o primeiro dia de seu mandato.

A imprensa protegeu a imagem de Biden. As entrevistas, na maior parte gravadas, tentavam esconder a deterioração da sua saúde física e mental. Algumas quedas e pronunciamentos sem sentido eram impossíveis de esconder, mas acabavam justificadas por causas exógenas, como viagens ao exterior, cansaço, Covid, dentre outras desculpas.

Mas era fato de que Biden, como candidato a um segundo mandato, seria impossível de prosperar. A candidatura foi mantida até o fatídico primeiro debate em que ficou evidente que Biden era um idoso fragilizado, com sérias dificuldades cognitivas.

A artilharia trumpista não precisou fazer nada: somente mostrar as cenas do debate repetidas vezes. Nem a tentativa de assassinato de Donald Trump, na Pensilvânia, conseguiria ser tão efetiva quanto a imagem de um presidente debilitado, física e intelectualmente.

A pressão financeira aumentou, os recursos foram represados, a mídia, tão fiel anteriormente, revelou-se insatisfeita com a situação, e Hollywood reconheceu que não dava mais para enganar a população. Biden, finalmente, anunciou que seria o presidente de um só mandato. E, imediatamente, apoiou sua Vice-presidente, Kamala Harris, para assumir a candidatura.

Pelo fato de não ter sido escrutinada da forma como um candidato democrata deve passar antes de ser confirmado na posição, o gosto amargo da falta de democracia na seleção partidária diz muito sobre a forma como os Democratas encaram a manutenção do poder.

Toda a discussão que deveria ocorrer durante o período das prévias não ocorreu porque Biden era o candidato natural do Partido. Se ele tivesse anunciado que não concorreria à eleição, talvez Harris jamais tivesse sobrevivido ao escrutínio das primárias partidárias.

Harris tem muito pouco a apresentar ao eleitorado ou a oferecer globalmente. Sua atuação na Vice-presidência ficou muito a desejar. O Partido Democrata se transformou num cemitério de novos talentos. O progressismo acabou com o partido e com a sua base.

O radicalismo de Harris quanto a alguns assuntos, certamente, virá à tona. O futuro não parece ser auspicioso para os Estados Unidos.

Ler artigo completo