Hong Kong. Dois jornalistas condenados por conspirar contra o regime chinês

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Liberdade de imprensa

29 ago, 2024 - 15:26 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters

O jornal online Stand News, do qual faziam parte, foi encerrado pela polícia em 2021.

Um tribunal de Hong Kong considerou culpados de conspiração para sedição dois editores do extinto jornal Stand News, veredito que foi conhecido esta quinta-feira.

Trata-se da primeira condenação por sedição no território contra jornalistas desde que a soberania sobre Hong Kong foi transferida da Grã-Bretanha para a República Popular da China, em 1997.

A sentença vai ser conhecida a 26 de setembro e os dois editores, Chung Pui-kuen e Patrick Lam, podem ficar presos até um máximo de dois anos por terem editado e/ ou autorizado a publicação de artigos que defendiam a independência política do poderoso centro financeiro.

O Stand News, cuja empresa proprietária, a Best Pencil, também foi julgada, chegou a ser o principal meio de comunicação online de Hong Kong e uma voz ativa na denúncia do regime chinês.

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Em 2021, as suas instalações foram invadidas pela polícia, acabando os respetivos bens por ser congelados, o que levou ao seu encerramento.

Sob o escrutínio do tribunal estiveram 17 artigos considerados inadequados pelo regime de Pequim, que foram publicados entre julho de 2020 e dezembro de 2021.

Segundo a acusação, o Stand News funcionou como uma plataforma política, contribuindo para a disseminação de ideologias “ilegais” e incitando ao ódio contra os governos chinês e de Hong Kong (pró-Pequim).

Stand News "relatou a verdade"

Diversas organizações de defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos já se vieram manifestar contra a decisão, que dizem refletir o sistema de repressão desenvolvido pelo Partido Comunista Chinês no território autónomo.

Dezenas de meios de comunicação social foram encerrados - Repórteres Sem Fronteiras

“Este veredicto estabelece um precedente muito perigoso que poderá ser utilizado por Pequim para suprimir quaisquer vozes independentes”, disse Aleksandra Bielakowska, dos Repórteres sem Fronteiras (RSF).

“Dezenas de meios de comunicação social foram encerrados, numerosos jornalistas foram para o exílio e outros que permaneceram em Hong Kong enfrentam uma nova realidade onde atravessar as linhas vermelhas pode ser considerado uma violação das leis de segurança nacional”, disse ela à Reuters.

Chung Pui-kuen foi o único dos acusados que esteve presente em tribunal para ouvir a sentença. Durante o julgamento, o jornalista insistiu que o Stand News "registou os factos e relatou a verdade", defendendo a liberdade dos meios de comunicação social.

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