HÓQUEI PATINS | Gonçalo Alves: «Deixa-me muito orgulhoso receber este prémio»

2 meses atrás 65

Gonçalo Alves foi escolhido pela redação do zerozero como o Melhor Jogador do I Divisão. O capitão e jogador do FC Porto recebeu a distinção no Museu azul-e-branco e falou sobre a temporada e os momentos marcantes do ano em que levantou três taças: Campeonato; Taça de Portugal e Taça Continental.

zerozero: Gonçalo Alves, agora, com mais calma e já depois da época terminar podemos perguntar: foi um ano muito cansativo?

Gonçalo Alves: Foi uma época muito desgastante. Tivemos muitos jogos, foram 60 jogos no FC Porto e ainda a seleção. Foi desgastante, também, por termos começado uma primeira volta como não desejaríamos e depois conseguir uma segunda volta onde não perdemos qualquer jogo para o Campeonato Placard. Isso foi a demonstração que cada um de nós deu para atingirmos o primeiro lugar e estarmos na frente para o Play-Off.

zz: Mas a verdade é que vocês sabiam que ia ser assim. Quando se ganha a Champions têm pelo menos mais uma competição, mas no vosso caso ainda houve a Taça Intercontinental... Além disso foi a Elite Cup, Taça Continental, Campeonato, Champions, Taça de Portugal. O projeto de uma temporada, para vocês, já estipulava estes 60 jogos. Quais os cuidados que teve de ter, para chegar a este momento da época e conseguir vencer?

GA: Depois de voltarmos a vencer a Liga dos Campeões, depois da época pouca regular que tivemos no ano passado, onde até terminámos bem a época, mas falhámos a final do Play-Off e a conquista do título, fizemos uma parte final da temporada muito boa, num comparativo com o resto. Nesta época entrámos logo em falso, com a derrota nos quartos-de-final da Elite Cup, mas conseguimos dar a volta, com o triunfo na Continental e bons jogos... A derrota na meia-final da WSE Champions League, contra o Sporting, demonstrou que nem tudo o que tínhamos feito para trás tinha sido perfeito, mas também ajudou a pensar que nem tudo o que estaria para a frente iria ser mau. Ajudou a vermos que todos nós tínhamos de dar um bocadinho mais de cada um e que podíamos chegar ao título, só tínhamos de vencer os jogos todos em casa. Foi com essa mentalidade que abordámos o Play-Off. Quando vencemos o jogo 3 contra o Benfica apontámos baterias para vencermos o jogo 4... Sabíamos que jogava Portugal às 20 horas, o jogo tinha sido mudado para as 18 horas, sabíamos que poderia estar menos gente e acreditámos que poderia ser possível vencer o campeonato, com um triunfo na Luz. Essa vitória ajudou a quebrar a barreira que existia de vencer jogos fora contra o Sporting e o Benfica.

zz: O FC Porto já não era campeão na Luz há muitos anos.

GA: A realidade diz que é complicado...

zz: A verdade é que o Sporting já tinha sido campeão no Dragão e o Benfica venceu o último campeonato no João Rocha. Parece que faltava fechar este círculo.

GA: Sim, mas acho que vai ser sempre difícil. O fator caso, com o nosso público, o nosso piso, as nossas famílias, tudo ajuda a ser um bocadinho mais fácil de vencer. Temos sempre ambição de vencer fora, mas os clubes também têm os seus adeptos e isso faz toda a diferença.

zz: Nesta retrospetiva da época, qual foi o jogo basilar para sentirem que a equipa estava mudada, depois de terem começado menos bem?

GA: Não há um jogo, há um fase. Depois de perdermos em Barcelos, com o fim da primeira volta, o Ricardo Ares deu-nos uma semana de férias e essa semanas foi preponderante para conseguirmos desligar dessa parte da temporada, que não estava a ser boa. Conseguimos tirar o hóquei das nossas cabeças, ganhámos energia com as nossas famílias e amigos... Relaxámos e quando voltámos no final de dezembro, antes da passagem-de-ano, chegámos com um enorme vontade de mudar as coisas, de treinar bem e surgirmos em grande momento de forma para a fase importante de época.

zz: É uma presunção zerozero, mas pensava em poder ganhar este prémio?

GA: Eu conhecia o prémio, vi no ano passado o Nil Roca Roca a vencer e é um prémio que me deixa muito orgulhoso em recebê-lo. Fiz uma época regular, se calhar não foi a mais brilhante em termos de golos, mas acho que foi uma temporada muito regular e receber este prémio deixa-me muito feliz.

zz: Fez mais assistências esta época: quantas foram?

GA: Creio que 18.

zz: E golos?

GA: 47 golos no Campeonato Placard, mas acho que ainda poderia ter marcado mais. Quando analiso os jogos, há partidas que sinto que poderia dar mais um bocadinho, há situações de jogo que vejo que poderia ter optado por outras situações, mas faz parte do jogo e temos de decidir muito rápido.

zz: É o jogador com maior influência de golos numa equipa, mas a nível de média sabe qual é o maior?

GA: Não faço ideia.

zz: Rúben Sousa.

GA: Pois, ele também marcava tudo. 

zz: Vai entrar na décima temporada de FC Porto: sabe quantos golos marcou até agora no campeonato?

GA: De FC Porto?

zz: Sim.

GA: Creio que em todas as competições tenho mais de 500 golos, mas só no I Divisão Placard tenho de atirar um número. 300 e poucos golos.

zz: Está a tirar para baixo.

GA: Marquei muitos golos nas Liga dos Campeões...

zz: São 425 golos no Campeonato.

GA: Então tenho de marcar mais nas outras (risos)... Estou a brincar, são bastantes golos.

zz: Sabe qual foi a equipa a quem marcou mais golos esta temporada?

GA: Sporting?

Gonçalo Alves recebeu o prémio do zerozero no Museu do FC Porto @zerozero

zz: Terá sido o Famalicense?

GA: É normal, marquei seis logo no primeiro jogo...

zz: Sabe quantos hat-trick fez?

GA: Sete?

zz: Foram cinco...

GA: Pois, já me estava a dar confiança e eu achei que tinham sido mais.

zz: Há um jogo que é emblemático, esta temporada, que foi em Oliveira de Azeméis: fez três golos e uma assistência.

GA: Dois golos e um golaço. Esse é um golo que vai ficar na minha memória para sempre.

zz: É melhor do que aquele que marcou em Valença?

GA: O golo em Valença foi sem pensar. O golo em Oliveira de Azeméis foi a rematar, porque não tinha outra situação, mas toda a jogada tornou um golo mais completo.

zz: É o golo mais bonito da carreira?

GA: É o golo mais bonito, até agora, mas não é o mais importante.

zz: Qual foi o mais importante?

GA: Para mim foi o da Liga dos Campeões, tal como o da Taça de Portugal, agora. Eu sei que o golo em Oliveira de Azeméis deu acesso ao primeiro lugar do I Divisão Placard, mas os golos das finais ajudam a que seja muito mais marcantes.

zz: Olhando a esse patamar, aquela exibição no jogo 1 contra o Benfica, em que a partida não está a correr bem para vocês, esse golo e a assistência para o Rafa entram neste patamar?

GA: Sim, pois se perdêssemos ficaríamos atrás e tínhamos de vencer na Luz. Não fizemos um jogo brilhante, longe disso... Vínhamos habituados a jogar contra o Sporting, que foi uma eliminatória diferente, apanhámos um Benfica fechado, com muitas ajudas e que nos dificultou a entrar na área deles e a nossa maneira de jogar, mas acho que conseguimos dar a volta a esse jogo de forma muito positiva.

zz: Quem foi o guarda-redes mais difícil que teve pela frente nesta temporada? Não pode dizer o Xavi Malián

GA: Pois, esse é todos os dias nos treinos e nem sempre marcou golos. O Ângelo Girão. Acho que fez uma parte final de temporada fabulosa. Não é por ser meu amigo, mas na final da Champions esteve a um nível alto, na fase de Play-Off também teve um nível alto, tal como Xano Edo. Também acho que o Xano Edo fez uma belíssima temporada. Estar tantos na frente, defender tantos penáltis e livres diretos demonstra bem o trabalho que tem feito. Foi um trabalho excelente e posso catalogar esses dois como os mais difíceis, desta época.

zz: Quando está com o árbitro e o capitão adversário escolhe campo ou bola?

GA: Isso está tudo escolhido, à partida, mas por exemplo, quando tivemos o jogo contra o Riba D´Ave D'Ave e tivemos de ver quem ganhava atrás de grandes penalidades, calhou-me a sorte de poder escolher a baliza e marcar primeiro. Contra o Sporting foi ao contrário... Quando são este tipo de sorteio, tento sempre o primeiro a marcar e um local onde haja mais público nosso.

qA derrota na meia-final da WSE Champions League, contra o Sporting, demonstrou que nem tudo o que tínhamos feito para trás tinha sido perfeito, mas também ajudou a pensar que nem tudo o que estaria para a frente iria ser mau

Gonçalo Alves, jogador FC Porto

zz: Prefere marcar um golo de picadinha na área, ou remate do meio campo?

GA: Picadinha na área.

zz: Penálti ou livre direto?

GA: Penálti.

zz: Prefere livre direto de remate ou de finta?

GA: Remate.

zz: Prefere atacar de 5x4 ou defender em 5x4?

GA: Não me deixam defender, por isso tenho de atacar. Essa é fácil de responder.

zz: Alista-se a ganhar este prémio para o ano, da mesma forma que ganha o título de melhor marcador há seis épocas seguidas?

GA: Vou tentar. Se conseguisse seria muito bom, seria sinal que o FC Porto tinha ganho, eu tinha feito mais um boa temporada e seria muito bom estarmos aqui novamente daqui a um ano.

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