Idosos exigem em Lisboa lar e creche para a freguesia da Ajuda

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A ação de protesto foi organizada pela Comissão Unitária de Reformados e Idosos da Freguesia da Ajuda (CURIFA), que hoje entregou uma carta no Ministério da Defesa, que tutela o hospital, na qual pediu uma reunião com o ministro, Nuno Melo.

Segundo o presidente da CURIFA, Vítor Pereira, o objetivo é explicar ao ministro a importância para aquela freguesia, uma das mais envelhecidas de Lisboa, de ter o prometido centro intergeracional, com lar (centro de dia e de noite), centro de cuidados continuados e creche.

O centro esteve previsto desde há mais de 10 anos para o Hospital Militar da Boa Hora, em Belém, propriedade do Ministério da Defesa, mas onde o Governo decidiu recentemente alojar migrantes sem-abrigo.

Vítor Pereira sublinhou que nem o espaço do antigo hospital nem a freguesia, com cerca de 1.500 pessoas, têm estruturas, nomeadamente de saúde, para receber ali cerca de 300 migrantes.

"Nós estamos com os migrantes, nós estamos com os sem-abrigo, nós queremos que se trabalhe com essas pessoas de uma forma séria. Não queremos nem que o Governo, nem que a Câmara Municipal de Lisboa (CML), utilizem o hospital militar da Ajuda para encaixotar aquelas pessoas, como se faz no Beato e noutros sítios", disse.

Além de um centro intergeracional no antigo hospital, a CURIFA tem ainda uma proposta para que outra instalação militar junto à freguesia, o Quartel Lanceiros 2, na calçada da Ajuda, seja transformado em habitações para arrendamento acessível.

Vítor Pereira considerou ainda que este quartel é "o local ideal" para abrigar por agora os migrantes, embora insista que é também um "local ideal para construção de renda acessível".

Aos moradores, Vítor Pereira disse ainda que está a ser preparada para o dia 27 de julho uma iniciativa junto ao Quartel Lanceiros 2, alertando para a necessidade de mais habitação acessível na freguesia, outra das reivindicações dos moradores.

À Lusa, os moradores salientaram as rendas elevadas e a construção de empreendimentos de luxo na freguesia.

Afirmaram ainda estarem a ser "empurrados" para fora das suas casas para dar lugar a alojamentos locais, muitos dos quais "não estão registados", embora "se vejam sempre pessoas diferentes a entrar e a sair".

"Exigimos do Governo e da CML que tenham uma postura séria. Que oiçam a população, que oiçam a Junta de Freguesia, porque foram estes que foram eleitos pelo povo", acrescentou Vítor Pereira.

A CML, ainda nos mandatos anteriores, de Fernando Medina (PS), comprometeu-se a construir um centro intergeracional na Ajuda, para o que foi proposto aproveitar o antigo hospital militar de Belém.

O propósito de construção de um centro intergeracional também estava no programa eleitoral do atual presidente, Carlos Moedas (Coligação Novos Tempos, liderada pelo PSD).

Em 04 de junho, fonte oficial do gabinete do ministro da Presidência, numa resposta a questões colocadas pela Lusa, revelou que um centro de acolhimento temporário de imigrantes ficará localizado no edifício do antigo hospital militar "por consensualização" entre o Governo e a CML e gerido por esta.

O presidente da Junta de Freguesia da Ajuda (PS), Jorge Marques (que hoje se juntou à concentração, mas não quis prestar mais declarações), recordou então à Lusa "o compromisso" do município de construir o centro no antigo hospital militar, "com residência para idosos" e "com creches".

A associação que representa os reformados da Ajuda tem mantido reuniões com a Câmara de Lisboa para discutir os apoios à população sénior da freguesia.

Na primeira reunião, em 28 de junho, a CML comprometeu-se a instalar no antigo hospital militar uma "estrutura com uma equipa multidisciplinar" para apoiar a população idosa da freguesia.

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