Igreja não esteve sempre "à altura" na gestão dos casos de abusos sexuais

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O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, assumiu esta terça-feira a necessidade de "transparência" para garantir "ambientes seguros" para crianças e adultos na Igreja Católica.

"A comunidade cristã, de uma forma geral, deu-se conta deste problema, e bem", afirmou Ornelas, na conferência de imprensa de apresentação do relatório de atividades do Grupo VITA, empenhando-se em criar uma "cultura nova" dentro da Igreja, revela a agência Ecclesia.

O bispo de Leiria-Fátima destacou a "seriedade" do trabalho desenvolvido pelo grupo VITA, admitindo por sua vez que a Igreja não esteve sempre "à altura" na gestão dos casos de abusos sexuais. "Não podemos pactuar com situações destas. Nenhuma sociedade pode pactuar com isto", declarou.

D. José Ornelas mostrou ainda que a Igreja está disponível para seguir com "um processo de ajuda e reparação às vítimas". "Fazemos este esforço por coerência, connosco, mas antes de mais pelas próprias vítimas", salientou.

Segundo o relatório hoje apresentado, em seis meses, o Grupo VITA identificou 64 vítimas de violência sexual na Igreja Católica. Segundo o documento elaborado pelo grupo coordenado pela psicóloga Rute Agulhas, destas, apenas 42 resultaram em atendimentos presenciais ou online. 

É ainda de ressalvar que o grupo reportou ao Ministério Público (MP) e à Polícia Judiciária (PJ) 16 casos de violência sexual no contexto da Igreja Católica.

Segundo o documento da estrutura criada pela CEP para o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais, além das 16 situações sinalizadas às autoridades para investigação (ficaram de fora os casos em que o denunciado já tivesse morrido ou existisse um processo judicial), foram igualmente comunicados 45 casos às estruturas ligadas à Igreja, das quais 27 para as comissões diocesanas.

Contudo, as consequências dessas denúncias não foram, para já, divulgadas.

O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, já disponível no site.

Criado em abril, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica.

O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

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