IL diz que PGR terminou "com teoria do golpe de Estado" ao anterior governo

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O presidente da Iniciativa Liberal considerou esta terça-feira que a procuradora-geral da República terminou "com a teoria do golpe de Estado" ao anterior governo e defendeu que política e justiça devem entrar numa "fase nova de respeito mútuo".

"Eu creio que esta entrevista termina com a teoria do golpe de Estado. A senhora procuradora explicou os motivos pelos quais o famoso parágrafo da política portuguesa foi incluído, são motivos razoáveis e, portanto, eu creio que aqueles que se empenharam na teoria do golpe de Estado, fazendo artigos de jornais, tentando condicionar a opinião pública, terminaram com esta entrevista essa atividade, porque já ninguém acredita nessa teoria do golpe de Estado", defendeu.

Rui Rocha falava aos jornalistas no parlamento, numa reação à entrevista que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, deu à RTP na segunda-feira à noite.

O líder liberal referia-se ao parágrafo do comunicado do Ministério Público divulgado em novembro do ano passado, que revelava a existência de uma investigação ao então primeiro-ministro e que levou à demissão de António Costa.

Rui Rocha considerou que "António Costa não continuou em funções como primeiro-ministro porque não quis, foi uma decisão pessoal, e o mesmo António Costa, com uma investigação que ainda está em curso pelos mesmos factos, quis ir para o Conselho Europeu".

"Portanto, são decisões pessoais de António Costa, porque senão aquilo que impediria continuar no governo deveria impedir, com a investigação em curso, estar a candidatar-se ao Conselho Europeu", defendeu.

O presidente da IL disse também compreender que a procuradora-geral da República, "quando fala da campanha orquestrada, tenha tido esta tentação de responder a estas questões, falou da intervenção pouco sensata do Presidente da República, falou também das palavras pouco sensatas da senhora ministra da Justiça". .

"Eu percebo essa tentação, preferiria que nós entrássemos numa fase em que política e justiça não estão neste tipo de diálogo, e, portanto, eu creio que quer os políticos, quer os representantes da Justiça, têm de entrar numa fase nova de cooperação e de respeito mútuo", defendeu, considerando também que a procuradora deve explicar melhor esta acusação.

O liberal referiu a existência de um manifesto por uma reforma da Justiça que classificou como "uma junção de vontades incompatíveis".

Apontando que "não faz nenhum sentido que aquelas pessoas se juntem para defender seja lá o que for", o deputado disse que são unidos por "esta tentativa de ataque à justiça, que só surge quando determinados protagonistas estão sob investigação", acusando de oportunismo.

Rui Rocha disse também que a procuradora "demorou tempo demais a dar esta entrevista", considerando que se poderia "ter poupado alguma animosidade na discussão" se estes esclarecimentos tivessem sido dados mais cedo.

O presidente da IL disse igualmente que Lucília Gago não conseguiu trazer nenhuma explicação, sobre "as questões das escutas continuadas ao longo de anos, as questões das detenções que vão para lá do legalmente aceitável".

"A Iniciativa Liberal quer, obviamente, um Ministério Público que atua, e uma Justiça que atua, mas não quer cidadãos perseguidos pela Justiça", salientou.

Também numa reação a esta entrevista, o líder parlamentar do CDS-PP defendeu a separação de poderes e a autonomia do Ministério Público, considerando que "deve atuar sempre que haja denúncias de crimes e suspeição de crimes, independentemente das pessoas sobre as quais recaem essas suspeitas".

Paulo Núncio sustentou que a procuradora "vai ter de explicar" ao parlamento o que quis dizer quando falou numa "campanha orquestrada" contra o Ministério Público e esclarecer a quem se refere.

Na entrevista à RTP, a procuradora-geral da República considerou que há "uma campanha orquestrada por parte de pessoas que não deviam, uma campanha orquestrada na qual também se inscrevem um conjunto alargado pessoas que têm atualmente, ou tiveram no passado, responsabilidades de relevo na vida da nação".

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