Incêndio na Madeira: Miguel Albuquerque e secretário da Proteção Civil chamados a audição parlamentar

1 mes atrás 68

Incêndios em Portugal

O pedido de audição parlamentar foi apresentado pelo grupo parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP) e contou com votos a favor do PS e do CDS. O presidente do governo regional madeirense tem rejeitado as críticas à atuação no caso dos incêndios na Madeira.

 Miguel Albuquerque e secretário da Proteção Civil chamados a audição parlamentar

HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, e o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, vão ser ouvidos no parlamento madeirense sobre o incêndio que deflagrou em 14 de agosto. 

A decisão foi tomada esta segunda-feira, na comissão especializada de Saúde e Proteção Civil da Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) na sequência de um pedido apresentado pelo grupo parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP). O requerimento teve os votos favoráveis do proponente (dois votos), o mesmo número do PS, um do CDS-PP e abstenção dos quatro deputados do PSD. 

"Ainda hoje irei assinar os requerimentos para que Miguel Albuquerque e Pedro Ramos sejam ouvidos com a maior brevidade possível", disse a presidente da comissão, Lina Pereira (JPP), citada na informação divulgada pelo partido. 

O JPP menciona que, estando o parlamento regional encerrado para férias e sendo uma situação excecional, é da competência da Comissão Permanente da ALM requerer a presença do presidente do Governo Regional e do secretário regional da Saúde e Proteção Civil. 

"Já o afirmámos várias vezes, a audição parlamentar não é para julgar ninguém, mas há responsabilidades políticas que não podem ser branqueadas, atiradas para debaixo do tapete, e decisões tomadas que foram precipitadas, inadequadas e até algumas intoleráveis perante o sofrimento das populações e o adensar da tragédia", argumenta Lina Pereira. 

"É o momento para apurar responsabilidades"

No seu entender, "os políticos quando assumem funções têm deveres e responsabilidades para com as populações, essa responsabilidade é assumida logo no primeiro dia da tomada de posse, não é para depois ser descartada quando a situação é menos favorável". 

"Considerando que a Assembleia Legislativa da Madeira é "o local próprio para fiscalizar a ação governativa" e para debater este assunto, a parlamentar sustenta que, "depois do combate ao fogo" este é o "momento certo para avaliar e apurar responsabilidades". 

Defendendo que é impossível "continuar a fazer de conta que está tudo bem", Lina Pereira recordou que, nos últimos anos, os incêndios na Madeira têm "causado perda de vidas, desolação, sofrimento, perda de casas e bens pessoais e milhares de hectares do património natural". 

Em 20 de agosto, em comunicado, o líder do JPP, Élvio Sousa, defendeu que "Miguel Albuquerque e Pedro Ramos têm de ser responsabilizados" do ponto de vista político e também "pelo elevado grau de negligência, pelo desnorte patenteado e pela ausência de decisões atempadas, que colocaram em sério risco a vida de populações e animais", além da destruição de casas e de sete mil hectares de património florestal. 

O JPP salientou que Miguel Albuquerque (PSD) "regressou às suas férias no areal do Porto Santo enquanto a Madeira ainda ardia, num ato de grande irresponsabilidade e insensibilidade perante a dor das vítimas dos incêndios". 

Albuquerque rejeita críticas

No dia seguinte, à margem da sessão solene do Dia do Concelho do Funchal, Miguel Albuquerque refutou as críticas, declarando que assume as suas responsabilidades e que a atuação deve ser avaliada pelos resultados. 

"Nós, neste momento, avaliamos os incêndios em função dos resultados e os resultados são esses", sublinhou, defendendo "ser necessário "baixar a retórica alarmista" e considerando que a situação "estava segura". 

O grande incêndio na Madeira

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.  

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida. Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa. 

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais. 

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

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