Incêndios em Portugal: os fatores que explicam a “situação anómala” que não se via desde 2001

10 horas atrás 22

À semelhança do que se viveu em anos anteriores, em Portugal, há vários incêndios ativos, com as forças de combate nacionais a não serem já suficientes. Com um problema que parece grave até aos desentendidos, e apesar de a situação estar a controlar-se em alguns dos pontos, importa perceber as condições que motivaram este caos.

Bombeiro perante incêndio

Apesar do cenário de terror que as memórias de Pedrógão Grande, em 2017, não deixam esquecer, o que Portugal tem enfrentado nos últimos dias é mais raro do que a situação que se viveu nesse ano.

Neste momento, estão ativas dezenas de incêndios, com ignições constantes, em Albergaria-a-Velha, Oliveira de Azeméis, Nelas, Baião, Vila Pouca de Aguiar, entre outros locais.

À CNN Portugal, o climatologista Carlos da Câmara explicou os fatores que motivaram esta "situação anómala".

Se me perguntar se esta situação é anómala, é anómala no sentido em que o perigo de incêndio em alguns concelhos, nomeadamente em Aveiro e Viseu, esteve no topo. Nunca se registou nenhum valor de perigo meteorológico tão elevado desde 2001.

Disse o especialista, apontando que a situação a norte do Tejo é, de facto, "verdadeiramente anómala".

Combinação de fatores resultou "numa grande quantidade de biomassa"

Para o que se vive em Portugal, contribuíram várias condições, que o especialista enumerou:

Vaga de calor; Humidade do ar muito baixa; Vento de leste muito intenso; Ausência de precipitação que se observou durante o verão.

Estes quatro fatores combinados "levam a uma enorme perigosidade de incêndio", pois "tendo havido uma primavera bastante chuvosa e com temperaturas amenas, que se prolongou em junho e julho, houve condições para se criar uma grande quantidade de biomassa, que foi stressando ao longo do verão".

Isto significa que as chuvas anteriores fizeram crescer vegetação, que mais tarde secou com o calor e transformou-se num combustível para as chamas. Em 2017, por sua vez, os campos estavam totalmente secos, uma vez que Portugal vinha de seca extrema.

Conjugaram-se aqui fatores, não só ao nível do dia, ao nível do curto prazo, mas ainda ao facto pré-estação de incêndio, que era uma quantidade de biomassa grande.

Segundo o especialista, este ano, a partir do momento em que surgiram as ignições, e surgiram e continuam a surgir em grande número, era uma questão de tempo até se transformarem em grandes incêndios.

Biomassa

"É preciso mudar", diz especialista

Na perspetiva de Carlos da Câmara, é importante perceber que, com as alterações climáticas, "situações como esta [...] vão aumentar", e é possível que, em breve, falemos de alturas em que a situação é "três ou quatro vezes pior".

Isto é preciso ser olhado de uma forma muito séria, percebendo que o que aí vem de certeza que vai ser muito mais complicado.

Concluiu o climatologista, alertando que é "preciso mudar, quer o ordenamento do território, quer toda a política de controlo de ignições".

Veja como está a qualidade do ar na sua zona:

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