Incêndios na Madeira. Tudo o que sabemos até agora

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21 ago, 2024 - 07:34 • Olímpia Mairos

Chamas já chegaram ao Pico Ruivo, no concelho de Santana. Presidente do Governo Regional visita esta quarta-feira as zonas afetadas pelas chamas.

O incêndio rural na Madeira que deflagrou na passada quarta-feira nas serras da Ribeira Brava, propagando-se no dia seguinte ao concelho contíguo a este, Câmara de Lobos, no fim de semana, ao município da Ponta do Sol, através do Paul da Serra, e na terça-feira ao concelho de Santana, através do Pico Ruivo, continua sem dar tréguas aos bombeiros.

O combate às chamas tem sido dificultado pela orografia do terreno, pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais, apenas alguns armazéns agrícolas, tubagens de rega para agricultura e algumas colmeias.

Durante estes dias, mais de 220 pessoas foram retiradas das suas habitações por precaução e transportadas para equipamentos públicos, mas grande parte dos moradores já regressou a casa, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava. Os municípios da Ponta do Sol, Câmara de Lobos e Ribeira Brava ativaram o plano de calamidade para fazer face ao incêndio.

Segundo o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil (SRPC), António Nunes, que citou dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Copernicus), até às 12h00 de terça-feira arderam 4.392 hectares.

Chegou a falar-se de uma área de ardida de mais de 7 mil hectares, mas António Nunes explicou que “talvez a confusão derive de uma avaliação feita pelos limites externos da área ardida”, indicando que, no interior dessa área, “existem muitas bolhas de vegetação que não arderam”.

Madeira regista 4.392 hectares de área ardida desde início do incêndio

De acordo com números do Instituto Nacional de Estatística (INE), os valores ultrapassam os registos de 2016 e 2012. Já não ardia tanta área na Madeira desde 2010 - ano do grande temporal.

O fogo tem mobilizado perto de duas centenas de operacionais (inclusive do continente e dos Açores) e algumas dezenas de viaturas, além do meio aéreo do arquipélago. Três bombeiros já receberam assistência hospitalar por exaustão e sintomas relacionados com “mau estar e indisposição”.

As causas do fogo ainda não foram divulgadas, mas o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que hoje vai visitar as áreas afetadas pelas chamas, afirma tratar-se de fogo posto.

Também o presidente da Câmara da Ribeira Brava, Ricardo Nascimento, afirmou na segunda-feira que o fogo que deflagrou na freguesia do Campanário teve mão criminosa.

Em declarações à Renascença, o autarca disse que o fogo inicial, de quarta-feira, 14 de agosto, terá sido provocado acidentalmente pelo lançamento de um foguete, mas noutros focos houve fogo posto, como na freguesia do Campanário.

Já fonte da Polícia Judiciária (PJ) disse, na segunda-feira, à Lusa que a origem do incêndio florestal está a ser investigada desde início.

Escusando fornecer pormenores, a fonte indicou apenas que o Departamento de Investigação Criminal da Madeira “está a desenvolver as diligências de investigação que são normais neste tipo de situações”.

Madeira. PJ está a investigar "desde o início" origem do fogo

Ainda é “cedo para fazer avaliação”, do que aconteceu na Madeira, disse na terça-feira a ministra da Administração Interna. Margarida Blasco defendeu que tudo tem que ser avaliado, mas essa hora ainda não chegou.

Só depois do rescaldo, o Governo central irá “fazer a avaliação das necessidades e do que se pode melhorar”, juntamente com “o Governo Regional da Madeira e com os madeirenses”, disse.

Já perante a polémica sobre o momento do envio de meios para o arquipélago, a ministra da Administração Interna garantiu que o Governo central enviou reforços na altura em que foram pedidos.

O incêndio aqueceu o ambiente político na Madeira com o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, a classificar de “incompreensível e irresponsável” a decisão do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de rejeitar o apoio da República para o combate aos incêndios na ilha.

O Partido Socialista defende mesmo uma comissão de inquérito aos incêndios, considerando que há responsabilidades políticas do Governo Regional, nomeadamente do presidente Miguel Albuquerque, que devem ser apuradas pelo Parlamento do Funchal.

PS defende comissão de inquérito aos incêndios na Madeira

Também o líder do JPP da Madeira criticou o que classificou de “incompetência” do presidente do Governo Regional e do secretário com a pasta da Proteção Civil e anunciou que vai pedir uma audição parlamentar com urgência destes responsáveis.

Já o presidente do Governo Regional da Madeira disse que o combate ao incêndio na região apostou na “preservação e salvaguarda das zonas urbanas”, criticando os comentários de “abutres políticos” e o apoio “insuficiente" do Estado”.

Por sua vez, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu que o Estado deve assegurar à região mais dois helicópteros para combate a incêndios.

José Manuel Rodrigues considerou que “há uma lição a tirar destes incêndios”, sublinhando que “é absolutamente necessário que a região disponha de mais meios de combate aos fogos florestais”.

Incêndio na Madeira. Miguel Albuquerque visita hoje zonas afetadas

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