O líder da Igreja Protestante da Hungria, o bispo calvinista Zoltan Balog, demitiu-se esta sexta-feira, terceira baixa de vulto entre os dirigentes do país em menos de uma semana, devido ao escândalo de perdão presidencial ao vice-diretor de um lar de jovens, condenado em 2022 por encobrir a conduta pedófila do seu superior.
A crise, sem precedentes desde 2010, levou milhares de pessoas à rua na capital do país, para "denunciar o sistema Orbán". Há uma semana tinham sido igualmente milhares a exigir a demissão de Katalin Novák, a primeira mulher a ocupar a presidência húngara.
"Não nos deixaremos intimidar", clamou a multidão que encheu como uma maré a Praça dos Heróis, numa mobilização de amplitude inédita na última década, reunida para defender "as vítimas, a transparência e a decência humana".
"Os direitos democráticos foram espezinhados como nunca" nestes anos, afirmou à agência France Press Risko Laszlo, de 50 anos, apesar de não se mostrar otimista na "mudança" enquanto Orbán se mantiver solidamente no poder.
Outra manifestante espera por seu lado "que o Governo deixe de acreditar que tudo lhe é permitido". "Estou contente por sermos tantos", aplaudiu esta professora de 65 anos.
Viktor Orbán ainda não se pronunciou sobre a crise, mas espera-se que o faça este sábado, durate o seu discurso sobre o Estado da Nação.
"O primeiro-ministro soube do caso através da imprensa, ao mesmo tempo que vocês", garantiu esta sexta-feira o seu chefe de gabinete, Gergely Gulyas, afastando as críticas da oposição que acusam o chefe de Governo de ser igualmente responsável pelo indulto concedido.
A presidente da Hungria demitiu-se sábado, na sequência da contestação de que foi alvo, por causa do perdão de pena concedido a um homem condenado por crimes relacionados com o abuso sexual de menores.
Katalin Novák pediu desculpa e admitiu que cometeu um erro.