Infeção bacteriana rara e perigosa está a bater recordes no Japão

6 meses atrás 79

As autoridades de Saúde no Japão têm alertado para uma infeção bacteriana rara, mas perigosa, que se está a propagar a um ritmo recorde no Japão. De acordo com o britânico "Guardian", o Ministério da Saúde estão a tentar identificar a causa.

O Ministério da Saúde está a intensificar a monitorização através da investigação de estirpes conhecidas pela sua patogenicidade e infecciosidade.

É expectável que o número de casos em 2024 ultrapasse os números (também recorde) do ano passado. De acordo com o jornal "Mainichi", os números provisórios anunciados pelo Instituto Nacional de Doenças Infeciosas (NIID) apontam para 941 casos da síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS) no ano passado. E, só nos primeiros dois meses de 2024, já foram registados 378 casos, com infeções identificadas em quase todas as províncias do Japão.

A maioria dos casos de STSS são provocados pela infeção pela bactéria chamada streptococcus pyogenes, comummente conhecida estreptococo A.

A confirmação da presença de estirpes altamente infeciosas no Japão tem provocado um aumento das preocupações de que a forma mais grave e, potencialmente mortal, da doença estreptocócica do grupo A (STSS) continue a propagar-se.

A bactéria pode causar dores de garganta, principalmente nas crianças, e muitas pessoas podem estar infetadas sem o saber e sem ter sintomas. Em alguns casos, a bactéria pode causar um quadro invasivo - que ocorre quando as bactérias "passam" as barreiras imunológias -, levando a doenças graves e pode ser mortal. Cerca de 30% dos casos de STSS são fatais.

As pessoas mais velhas são consideradas de maior risco, contudo, segundo o NIID, esta estirpe do grupo A está a provocar mais mortes entre os doentes com menos de 50 anos. De acordo com o jornal "Asahi Shimbun", 21 das 65 pessoas com menos de 50 anos a quem foi diagnosticada a SST — entre julho e dezembro de 2023 — morreram.

Entre os mais velhos, os sintomas podem ser semelhantes aos de uma constipação mas, em casos raros, os sintomas podem agravar-se e incluir faringite estreptocócica, amigdalite, pneumonia e meningite. Quando a infeção se torna aguda, pode causar a falência de órgãos e a necrose dos tecidos que envolvem os músculos.

"Há ainda muitos factores desconhecidos no que diz respeito aos mecanismos subjacentes às formas fulminantes (graves e súbitas) do estreptococo, e não estamos numa fase em que os possamos explicar", disse o NIID.

Alguns especialistas acreditam que o rápido aumento dos casos no ano passado esteve relacionado com o levantamento das restrições impostas durante a pandemia do coronavírus.

O "Guardian" cita ainda Ken Kikuchi, professor de doenças infecciosas na Universidade de Medicina Feminina de Tóquio, que diz estar "muito preocupado" com o aumento dramático do número de pacientes com infecções estreptocócicas invasivas graves.

O professor acredita que o levantamento das restrições impostas durante a pandemia levou mais pessoas a abandonar as medidas básicas de prevenção de infeções, como a desinfeção regular das mãos.

Até ao momento, não se registaram aumentos significativos de infeções por estreptococos do grupo A noutras regiões do mundo, contudo, a recomendação do Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) é para que a sociedade científica monitorize a possível progressão das doenças relacionadas com o estreptococo do grupo A.

Ler artigo completo