Inflação de junho "é positiva", mas caminho vai ser "acidentado", diz Lagarde

2 dias atrás 23

O alívio na inflação na Zona Euro em junho é positivo, mas o caminho vai ser acidentado, avisa Christine Lagarde. A presidente do Banco Central Europeu (BCE) quer perceber o que se passa com os serviços, enquanto o homólogo da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, desdramatizou a persistência dos preços nos Estados Unidos.

"Um número inferior ao do mês passado é bom", disse Lagarde, no painel de governadores no Fórum do BCE, que está a decorrer em Sintra. "Mas dissemos que ia ser acidentado e vai ser".

A taxa de inflação na Zona Euro terá desacelerado, em termos homólogos, para 2,5% em junho, segundo a estimativa rápida divulgada esta terça-feira pelo Eurostat. O valor estimado é uma décima inferior ao registado no mês anterior.

Entre as quatro principais componentes da inflação na Zona Euro (serviços; alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco; bens industriais não-energéticos; e energia), os serviços tiveram a maior contribuição para a variação homóloga do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) em junho. Ainda assim, a estimativa rápida do Eurostat aponta para que o índice relativo aos serviços tenha estabilizado nos 4,1%.

Lagarde indicou que é preciso perceber se esta resistência dos serviços é causado por fatores estruturais. "Vamos continuar a olhar para isso", disse, explicando que há uma grande componente salarial na inflação dos serviços. "Não é só a Taylor Swift", respondeu, quando questionada sobre o impacto da tour da cantora nos preços da hotelaria europeia.

Por seu turno, o presidente da Fed reconheceu que o banco central conseguiu "um claro progresso em reduzir a inflação para a meta" dos 2%, mas sublinhou que a autoridade monetária "precisa de estar mais confiante de que a inflação vai recuar até ao objetivo". Assim, "precisamos de mais dados", acrescentou.

Seguindo esta linha de pensamento, e quanto questionado sobre se o banco central poderá cortar os juros em setembro, o presidente da Fed frisou que "não se queria comprometer com nenhuma data" e sublinhou que o banco central "tem a responsabilidade de levar o seu tempo" a decidir o que fará.

Segundo os dados mais recentes, a inflação nos Estados Unidos desacelerou em maio, em termos homólogos, para 3,3%, depois de ter alcançado os 3,4% em abril. "Deixem-me também dizer-vos que estamos conscientes de que se formos demasiado rápidos, se [cortarmos os juros] demasiado cedo, podemos desfazer tudo", acrescentou Powell.

Jerome Powell desdramatizou ainda a persistência da inflação no setor dos serviços, tendo ainda explicado que o mercado de trabalho ainda se mantém apertado, do lado da oferta.

(Notícia em atualização)

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